Violência humana mata mais macacos que febre amarela no Rio de Janeiro

Neste ano, dos 144 animais mortos, 69% foram executados por maus-tratos, como múltiplas fraturas, queimaduras e envenenamento
Texto: Portal R7 (Adaptado pela Comunicação CRMV-SP)
Foto: Pixabay

“Nunca vi um massacre nessas proporções. O que mais mata macacos no Rio de Janeiro, sem dúvida, não é a febre amarela, mas sim a violência”, afirma Márcia Rolim, subsecretária de Vigilância Sanitária e do Controle de Zoonoses do Rio de Janeiro.

No ano passado, dos 602 animais mortos, 42% foram assassinados pela população. Neste ano, dos 144 mortos, 69% foram executados por maus-tratos, como múltiplas fraturas, queimaduras e envenenamento. Em janeiro do ano passado, recebemos sete animais mortos. Em janeiro deste ano, já são 144.

O laboratório de Saúde Pública da Vigilância Sanitária do Rio de Janeiro recebe animais de todo o Estado, principalmente de regiões de beira de mata, onde há desmatamento.

“Na cidade do Rio de Janeiro não tivemos nenhum caso positivo de febre amarela em macacos no ano passado. No Estado, foram 20. Neste ano, não houve nenhum caso positivo. Daí é possível imaginar a matança que estamos vivenciando”, afirma Márcia.

Sentinela

O macaco não transmite a febre amarela, quem transmite é o mosquito dos gêneros Haemagogus e Sabethes, que pica o macaco, assim como o homem.  O animal também é uma vítima, além de ser um aliado do homem, pois, ao contrair a doença, sinaliza que há mosquito naquela região. O monitoramento da doença e as campanhas de vacinação são realizados a partir dessa indicação.

“A febre amarela não é contagiosa. Se dizimarmos toda a população de macacos do Brasil, o vírus da febre amarela vai continuar existindo. É o mosquito que está levando a doença para todos os Estados, não o macaco”, explica Márcia.

Crueldade

A subsecretária ressalta o caso da morte de macacos-prego por envenenamento na região do Alto da Boa Vista, no qual foi comprovado por necropsia que nenhum deles apresentava a doença. No Rio de Janeiro, a maioria dos macacos mortos é de bugios, micos leão dourado e macacos-prego.

A crueldade observada na execução dos macacos tem sido atribuída à desinformação da população em relação à transmissão da febre amarela. No entanto, a médica-veterinária afirma que, no ano passado, foi realizada uma extensiva campanha, inclusive com treinamento de funcionários de parques.

 Bugios em alerta

Algumas espécies são mais suscetíveis ao vírus, como os bugios. “O bugio, que é uma espécie tropical, tem alta suscetibilidade e morre facilmente, diferentemente dos primatas africanos, que apresentam maior resistência”, explica a médica veterinária Liliane Almeida Carneiro, diretora do Centro Nacional de Primatas, no Pará.

No Estado de São Paulo, o bugio preto já integra a lista de espécies ameaçadas de extinção na categoria “vulnerável”. Após o fim do surto da febre amarela, pesquisas serão realizadas para reavaliar o grau de ameaça de extinção, segundo o Departamento de Fauna, da Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo.

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