Nesta semana, em que comemoramos o Dia Internacional da Vida Selvagem (03/03), o trabalho realizado nas unidades de acolhimento de animais silvestres em situação de risco merece ter lembrada sua contribuição para a preservação das espécies.
No Centro de Recuperação de Animais Silvestres (Cras) do Parque Ecológico Tietê (SP), por exemplo, o índice de devolução de exemplares à natureza é maior do que o número dos que perdem a chance de voltar ao habitat natural, alcançando 70%.
Segundo a médica-veterinária Liliane Milanelo, coordenadora da unidade, há aproximadamente 1,5 mil animais abrigados no Cras, cuja média anual chega a 12 mil exemplares. “A maior parte é de espécies de aves, seguidas de répteis (principalmente, jabutis e iguanas), e mamíferos (como saguis e gambás).”
Entre os animais acolhidos predominam os oriundos do tráfico, apreendidos em ações de combate ao crime. “Há também os que são entregues por pessoas que os criavam como animais de estimação e os que são resgatados da fauna urbana, em situações de risco ou feridos”, afirma Liliane.
Tratamentos
São diversos os quadros de saúde que os animais apresentam ao chegarem aos centros de recuperação, o que requer preparo por parte das equipes, que, no caso do Cras do Parque Ecológico Tietê, é composta por três médicos-veterinários, três biólogos e 12 tratadores.
“Os exemplares vítimas do tráfico têm entre os diagnósticos mais comuns estresse grave, lesões e estado debilitado, os oriundos de ambientes domésticos são relacionados à incorreções nutricionais. Já os que vêm da fauna urbana apresentam mais traumas por atropelamento, quadros de choque em redes elétricas e ferimentos por linha de pipa com cortante.”
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(Liliane Milanelo)
Além do tratamento
O médico-veterinário Marcello Schiavo Nardi, presidente da Comissão Técnica de Médicos-veterinários de Animais Silvestres, do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), destaca que o papel de centros de recuperação de animais silvestres atinge uma esfera que ultrapassa o tratamento dos exemplares recebidos.
Nardi se refere à importante função de catalogar e alimentar bancos de dados sobre os animais que dão entrada, possibilitando monitoramento das causas dos problemas que os levaram às unidades, bem como fatores de agravo. “Esse monitoramento permite uma visão mais ampla dos contextos de ameaça aos quais a vida selvagem é exposta, o que pode nortear políticas públicas para a preservação.”