Para quem prefere se aventurar durante o Carnaval por lugares distantes, como praias, florestas e áreas de preservação, dividir espaço com animais silvestres é muito comum, mas demanda atenção e cuidados. Algumas espécies sentem-se mais seguras sem a presença de pessoas, por isso, é preciso respeitar limites de aproximação e, principalmente, de interação.
A médica-veterinária Cristina Maria Pereira Fotin, membro da Comissão Técnica de Médicos-Veterinários de Animais Selvagens do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), recomenda evitar o uso de som muito alto e fogueiras em locais isolados e próximos à áreas naturais.
“A proximidade com certos animais pode predispor a mordeduras e arranhões, que podem transmitir doenças para as pessoas. O ideal é colocar alimentos naturais, como frutas, nos galhos mais altos das árvores, para poder apreciar os animais, sem contato direto”, afirma.
Cristina sugere também armazenar o lixo em recipientes com tampas. “Nunca oferecer restos de alimentos, pois o ser humano pode transmitir doenças aos animais, principalmente, aos mamíferos, como macacos, gambás e guaxinins”, enfatiza.
Inspeção é fundamental
Para evitar ataques por cobras e aranhas, antes de se acomodar, é preciso inspecionar bem as instalações. “Levantar colchões, abrir armários, afastar camas e móveis das paredes pode ajudar a encontrar animais peçonhentos ou venenosos escondidos”, afirma Cristina.
A médica-veterinária alerta ainda que se o local for dentro ou próximo a uma área natural, deve-se guardar roupas e sapatos dentro da mala ou armário, para evitar que animais se escondam e surpreendam as pessoas.
Atenção na hora do passeio
Ao fazer caminhadas ou trilhas, aconselha-se usar calça comprida, meias e tênis, para evitar ataques de cobras, assim como repelentes nos braços e demais áreas expostas, para prevenir picadas de insetos.
“Prestar atenção ao apoiar as mãos em galhos e pedras é outra medida preventiva de acidentes. Ao sentar em pedras ou troncos de árvores, sempre verificar antes se não há animais peçonhentos ou venenosos escondidos embaixo ou nas laterais”, salienta Cristina.
Espécies protegidas por lei
Muitos animais silvestres são protegidos por Legislação Federal (Lei nº 9.605/98, também conhecida como Lei de Crimes Ambientais), por isso, é importante nunca capturá-los ou removê-los de seu habitat, e nem transportá-los para outros espaços. Algumas espécies são únicas e estritamente presentes em determinados habitats, de forma que o transporte para outras regiões pode ocasionar desequilíbrio ambiental.
Não há necessidade de alimentá-los: isso pode causar prejuízos para a qualidade de vida desses bichos. Grande parte das crias depende de cuidados dos genitores, principalmente quando se trata de alimentação. Isso acontece, especialmente, no caso das aves, que quando retiradas de perto dos pais, têm as chances de sobrevivência reduzidas.