Para a prevenção de zoonoses, Carlos Augusto Donini, presidente da Comissão de Políticas Públicas (CTPP) do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) aponta a higiene pessoal e ambiental e a minimização dos contatos diretos. “Outro aspecto é o cozimento adequado (acima de 70°C) dos produtos de origem animal destinados ao consumo humano, como carnes, pescados, leite e ovos.”
Adolorata Aparecida Bianco Carvalho, membro da Comissão Técnica de Saúde Pública, do CRMV-SP, ressalta a importância da vacinação dos animais. E elenca as principais medidas preventivas para as zoonoses mais comuns no Brasil.
1- Raiva: vacinação de animais; vacinação pré-exposição de pessoas em situação de risco; vacinação pós-exposição de pessoas que sofreram agravos por animais ou acidentes com material contaminado; encaminhamento de material suspeito para análise em laboratório; redução do contato com morcegos caídos ou vistos voando durante o dia; e o controle de morcegos hematófagos.
2- Toxoplasmose: é recomendado não comer carne crua ou mal cozida, lavar e higienizar muito bem verduras e legumes, usar luvas quando fizer a limpeza das caixas de areia dos gatos e lavar sempre as mãos depois de brincar com os bichos.
3- Leptospirose: cuidado de não ter contato com águas contaminadas durante enchentes, por exemplo. São fundamentais medidas de controle de roedores (anti-ratização e desratização).
4- Bicho-geográfico: mais comum em crianças, não não permita que elas brinquem em areia de parques ou de praias aos quais os cães e gatos têm acesso. E tutores devem manter seus animais desverminados sob orientação de um médico-veterinário.
5- Brucelose e tuberculose (pelo Mycobacterium bovis): não ingerir leite cru ou queijos frescos feitos com leite cru.
Políticas públicas
Adolorata é preciso novas políticas públicas propostas para resgatar a função das Unidades de Controle de Zoonoses. “Para monitorar e controlar as populações de animais, o controle de vetores e prevenção das arboviroses, e outras ações precisam ser implantadas com a participação efetiva de médicos-veterinários, ONGs, população em geral, Conselho de Saúde, poder legislativo, poder executivo, Ministério Público”, ressalta.
Para Donini, esse trabalho deve começar pela base, pois as políticas públicas em saúde são complexas, extensas e de difícil sistematização, exigindo investimentos contínuos e crescentes (humanos, tecnológicos e financeiros). “As políticas de caráter preventivo (Atenção Básica e Estratégias de Saúde da Família) são as mais baratas e de melhores resultados imediatos e duradouros. Somada ao valor agregado das ações de Vigilância em Saúde, representam a mais sólida base para um Programa de Saúde eficiente e digno.”