A campanha de vacinação gratuita de cães e gatos contra raiva, normalmente promovida em agosto, está sem data para acontecer por conta de alteração no cronograma de entrega das vacinas ao Ministério da Saúde. O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) orienta que os médicos-veterinários informem seus clientes e os incentive a imunizarem seus pets nas clínicas e consultórios para garantir a prevenção da doença.
“Os profissionais podem alertar as pessoas que possuem cães e gatos quanto à importância de zelar pela saúde dos animais e, consequentemente, pela saúde coletiva, o que inclui manter a carteira de vacinação anual do pet em dia”, ressalta a médica-veterinária Dra. Adriana Maria Vieira Lopes, presidente da Comissão Técnica de Saúde Pública do CRMV-SP.
Doença causada por vírus, do gênero Lyssavirus, da Família Rhabdoviridae, a raiva caracteriza-se por encefalite progressiva aguda, de distribuição mundial, que acomete os mamíferos. Sua transmissão ao ser humano ocorre pelo contato com a saliva de animais infectados e, geralmente, a infecção se dá por meio de mordeduras, podendo ser também por arranhaduras e/ou lambeduras.
“A raiva é uma doença negligenciada, com praticamente 100% de letalidade e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em mais de 95% dos casos humanos a transmissão ocorre por agravos causados por cães infectados”, argumenta a médica-veterinária Dra. Luciana Hardt Gomes, que integra a Comissão Técnica de Saúde Pública do CRMV-SP.
Entenda a alteração no calendário da campanha
De acordo com nota oficial do Ministério da Saúde, o laboratório que produz a vacina antirrábica inativada para uso exclusivo em cães e gatos (VARC) e fornece o imunobiológico ao governo informou que o cronograma de envio do produto foi alterado. A previsão é de que a entrega aconteça apenas a partir do mês de novembro.
Com isso, a campanha de vacinação ainda não tem data para ser realizada. Há regiões do Brasil que precisam ser priorizadas, por serem localidades com maior risco epidemiológico. Segundo o ministério, serão distribuídas doses de vacina apenas para as cidades do Estado do Maranhão, bem como aos municípios dos Estados da Região Nordeste (CE, PE, PI, RN) e que fazem fronteira com a Bolívia (MS,MT, RO e AC).
Como prevenir
A prevenção à raiva é feita por meio de vacinas, em esquemas pré ou pós-exposição. “No entanto, ainda causa aproximadamente 59 mil mortes por ano em todo o mundo, devido à falta de acesso à profilaxia ou inexistência desta em algumas localidades. As crianças são as maiores vítimas”, comenta Adriana.
As variantes antigênicas mais encontradas no Brasil são: variantes 1 e 2 , isolada dos cães; variante 3, de morcego hematófago Desmodus rotundus; variantes 4 e 6, de morcegos insetívoros. No Estado de São Paulo, nunca houve circulação da variante 1. Quanto à variante 2, não há circulação desde 1999.
Impactos e políticas de erradicação
Levando-se em consideração que a entrega da próxima remessa de vacina antirrábica para cães e gatos ao Ministério da Saúde está prevista para o fim do ano, é imprescindível que sejam reforçadas, pelos municípios, as ações de vigilância, prevenção e controle, conforme recomendações do Guia de Vigilância em Saúde/MS-2019.
Em caso de suspeita de raiva em estabelecimentos médico-veterinários particulares, o profissional deve notificar formalmente o poder público municipal, por meio do Centro de Controle de Zoonoses. Considerando o monitoramento da circulação viral em animais, os municípios devem adotar o envio de amostras, em bom estado de conservação, identificadas e com fichas de “requisição de exame laboratorial para diagnóstico de raiva”, devidamente preenchidas, ao laboratório de diagnóstico, conforme orientações no site do Instituto Pasteur: http://www.saude.sp.gov.br/instituto-pasteur/homepage/acesso-rapido/envio-de-amostras
Serviço
Para mais informações sobre a alteração no cronograma de vacinação antirrábica 2019, médicos-veterinários devem entrar em contato com a Coordenação-Geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial (CGZV), do Ministério da Saúde, pelo e-mail: raiva@saude.gov.br ou (61) 3315-3089. Ou para o Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis (DEIDT) pelo número (61) 3315-3646.