A baixa de estoque de bolsas de sangue para atender pacientes que precisam de transfusão não é algo recorrente apenas em hemocentros humanos, o mesmo cenário ocorre com cães e gatos que precisam de transfusão em clínicas e hospitais veterinários. Por isso, a difusão de informações e a sensibilização de tutores sobre o procedimento é essencial.
Em São Paulo, estima-se que sejam usadas cerca de 20 mil bolsas por mês nos hospitais veterinários. O Dia Nacional do Doador de Sangue, celebrado em 25 de novembro, portanto, é uma data importante também para a saúde animal e uma oportunidade de incentivar a doação voluntária pelos pets.
“Situações comuns como atropelamentos, intoxicações e cirurgias podem levar à necessidade de uma bolsa de sangue para salvar o animal e garantir uma recuperação eficaz. Enfrentamos diariamente a falta de sangue de cães e gatos para transfusão”, conta o médico-veterinário Thomas Faria Marzano, presidente da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais, do Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP).
Manter esses bancos com o estoque regularizado é tão importante quanto nos hemocentros humanos. “Ampliar o cadastro de doadores voluntários possibilita que tenhamos atendimentos mais ágeis para a transfusão de sangue, aumentando as chances de salvarmos um maior número de vidas em nossas clínicas e hospitais veterinários”, afirma Marzano.
Pet voluntário
Tutores de cães e gatos que se sensibilizam com a causa devem procurar um banco de sangue especializado. Para estarem aptos a doar, animais de companhia precisam atender a alguns critérios específicos, de forma a garantir que o processo de coleta ocorra da forma mais saudável possível. O animal deve ser dócil e nunca ter realizado transfusão de sangue.
Gatos precisam ter, no mínimo, seis quilos e o limite de coleta por animal é de 16 ml. Cães devem ter mais de 30 quilos para coleta máxima de 500 ml de sangue. “É interessante observar que os animais precisam estar vacinados, vermifugados, ter entre dois e oito anos e, no caso das fêmeas, não podem estar no cio ou prenhas”, explica Marzano.
Saúde em dia
De acordo com Marzano, nem todo pet pode se tornar um doador e essa avaliação é feita de forma criteriosa. “É por esse cuidado que reforçamos a ideia de que, além de salvar vidas, ter um pet doador também é garantia de um olhar cuidadoso e aproximado da saúde do seu animal”, explica o médico-veterinário.
Os bancos de sangue veterinários devem ser registrados no Conselho Regional de Medicina Veterinária do estado em que atuem e contar com médico-veterinário responsável técnico averbado junto ao órgão, que irá garantir uma coleta sem riscos. “O ideal é que o tutor procure um banco de sangue de confiança para cadastro, exames e a coleta. É a melhor forma de garantir um procedimento seguro” ressalta Marzano
Exames necessários
Segundo Marzano, os animais podem doar sangue a cada dois meses. Mas para ser um doador, o pet deve passar por um check up completo.
No caso dos cães:
– Hemograma completo;
– Leishmaniose;
– Dirofilariose (infecção parasitária);
– Ehrlichia (infecção bacteriana);
– Doença de Lyme (transmitida por carrapatos);
– Brucelose (também conhecida como Febre de Malta ou Febre de Gibraltar, transmitida por bactérias)
– Exames de função renal e hepática.
No caso dos gatos:
– Hemograma completo;
– Função renal;
– Sorologia para FIV (imunodeficiência viral felina);
– Sorologia para FELV (Leucemia viral felina);
– PCR Micoplasmose (doença que pode levar a anemia intensa);
– Tipagem sanguínea.