Com o preço em queda desde
novembro e os custos de produção em elevação, devido à quebra de safra no Sul
do Brasil, na Argentina e no Paraguai, suinocultores de Santa Catarina
colocam granjas à venda e os de São Paulo perdem até R$ 60 por animal
vendido.
A crise mundial reduz o ritmo das exportações de carne suína. Neste começo do
ano, portos da Rússia, destino de 70% dos embarques brasileiros, estão
paralisados, por causa do inverno. Tudo num período em que a demanda interna
costuma ser baixa.
Responsáveis por mais da metade do custo de produção dos suínos, os preços de
soja e milho já aumentaram 12% e 6%, respectivamente, desde novembro. No
período, o preço do suíno recuou de R$ 51 para R$ 38,20, queda de 25%.
Produtores estão “literalmente quebrando”, diz Valdomiro Ferreira, presidente
da APCS (Associação Paulista de Criadores de Suínos). Há três anos o setor
aumenta a produção. Agora, com menos vendas para o exterior, o excedente no
mercado interno atingiu os preços.
“Esse era pra ser um ano bom para a suinocultura”,
afirma Alberto Wanderbruck, produtor da região de
Campinas (SP). Há dois meses perdendo em torno de R$ 60 por animal, ele
aumentou sua taxa de descarte de matrizes de 3% para 6%.
Representante de uma família que cria suínos desde 1920, Antônio Iani, de Itu (SP), relata que desde novembro tem perdido
em torno de R$ 53 por animal de
uma vez.”
Estado com maior rebanho suíno no Brasil, e onde 50% dos produtores estão
integrados à indústria, a situação é complicada. Enquanto os paulistas
recebem até R$ 2,13 por kg do suíno vivo, para os catarinenses o preço não
passa de R$ 1,70.
Mariocir Ferracini, de Itapiranga, oeste de Santa Catarina, conta que produtores
com
600 matrizes na região desistem da atividade. Segundo ele, há “umas 20
granjas à venda.” Com 2.200 matrizes, diz que perde
R$ 12 por leitão de
e que não entende como o preço pode estar tão baixo se, no varejo os valores
continuam altos.
O consumidor, porém, começa a pagar menos pelo produto. Em janeiro, os preços
dos cortes suínos pesquisados pela Fipe
caíram 4,32% ante dezembro.
Hélio Kern, de Iporã do
Oeste,
Catarina
até R$ 15 por leitão, ele diz que “não dá mais para trabalhar no vermelho” e
vai vender a granja para quitar o financiamento que contraiu no Banco do
Brasil, quando montou o criatório de 500 matrizes há quatro anos.
O vice-presidente da ACCS (Associação Catarinense de Criadores de Suínos), Lousivânio de Lorenzi, acha que
a situação no Estado é pior para quem não está integrado no momento. Segundo
ele, nos últimos três anos, caiu de 75 mil para 45 mil o número de matrizes
em granjas independentes. Ele avalia que os independentes são fundamentais
para manter a concorrência e, com isso, propiciar melhores preços até para os
integrados.
Fonte: Jornal Folha de S. Paulo,
10/02/2009