A virologista da Fiocruz Marilda Siqueira, integrante da Comissão da
Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Desenvolvimento dos Planos de
Contingência Nacional para Influenza, diz que é cedo para afirmar que a
epidemia de gripe suína está enfraquecendo e, assim como o ministro da Saúde,
José Gomes Temporão, acha inevitável a entrada do vírus no Brasil.
Continuamos na fase 5 (uma abaixo da pandemia). Os
ministérios da Saúde têm de continuar
experiência do próprio vírus influenza, na gripe espanhola de 1918, que
começou mais tranquila e meses depois voltou mais
forte, disse ela. Mas a pesquisadora, que participou de reuniões da OMS sobre
a doença em Genebra, diz que as medidas adotadas pelo México, como fechar o
comércio e cancelar aulas por vários dias, podem ter ajudado a diminuir a
transmissibilidade.
Nos próximos 15 dias, a OMS deve divulgar o documento elaborado pela comissão
da qual Marilda participa com as recomendações para os laboratórios de
referência. A ideia é padronizar os procedimentos,
fazendo com que todos usem o mesmo kit de diagnóstico, tipos de amostras
clínicas, formas de processamento, informação e notificação dos resultados
aos ministérios dos países e à OMS.
Para ela, o que mais assusta na gripe suína é que o vírus foi descoberto
quando a transmissão homem a homem já acontecia. A gripe aviária (H5N1),
descoberta em 2003, ainda está na fase 3, segundo a
OMS, porque não foi comprovado nenhum caso de transmissão entre humanos, só
de aves para o homem.
Marilda crê que a letalidade da gripe suína será bem menor do que a da
aviária. Até ontem, havia 1.983 casos e 31 mortes confirmadas por gripe
suína. Desde
gripe aviária contaminou 421 pessoas, das quais 257 – mais da metade –
morreram. O que está ajudando é que estamos com um sistema de saúde muito
bom, com notificações em tempo real. Esse alerta ajuda muito na contenção de
uma possível pandemia, além de termos antibióticos e antivirais para o tratamento.
Fonte:
Estado de S. Paulo, 07/05/2009