No Brasil,
especialistas do setor concordam que o manejo do transporte da fazenda ou da
granja até o frigorífico precisa ser aprimorado. "Na União Europeia, os transportadores de animais vivos são
treinados. Entendem o comportamento do animal, respeitam
normas como a lotação do caminhão e têm até licença especial", compara a
coordenadora do Steps, Charli
Ludtke.
Conforme Murilo Quintiliano, do Grupo Etco, o gargalo do transporte no País está nas péssimas
condições dos caminhões e no manejo de embarque e desembarque. "O
veículo deve ser adequado, facilitar a acomodação dos animais e estar em boas
condições de uso, limpo e seguro. E nunca exceder a lotação permitida."
Bons exemplos
Embora o transporte
de animais seja responsabilidade da indústria, a Agropecuária Jacarezinho,
que possui 35 mil cabeças de gado em fazendas
criou um protocolo de embarque para garantir o bem-estar da boiada. Pelo
protocolo, explica o gerente de pecuária da Jacarezinho, Luiz Fernando Boveda, são embarcados apenas animais do mesmo sexo e em
lotes uniformes e pequenos. O processo é feito com calma, sem usar varas,
cães, gritos ou choque elétrico, afirma.
Com o mesmo intuito, o Frigorífico Marfrig, com
oito unidades de abate, em Goiás, Mato Grosso, São Paulo, Mato Grosso do Sul
e Rio Grande do Sul, criou, há dois anos, um departamento exclusivo de
bem-estar animal. "Um responsável acompanha, todos os dias, a rotina do
animal e verifica o manejo, do embarque ao abate, além das condições das
instalações", diz o zootecnista Stavros Tseimazides. O
departamento também controla o número de animais machucados por lote e por
fazenda.
Motoristas
Outra iniciativa também deve melhorar o manejo no transporte até a indústria.
Há dois anos, a Embrapa Suínos e Aves ministra cursos para formação de
motoristas para transporte de suínos. "Fizemos o primeiro curso no ano
passado e deu certo", diz o coordenador do curso, Osmar Antonio Dalla Costa. Segundo ele, o objetivo é qualificar a mão
de obra, reduzindo perdas qualitativas e quantitativas. "O bom manejo
reduz a mortalidade e as ocorrências de lesões e contusões no transporte."
O curso é dividido em seis módulos, com carga horária de 30 horas. "Na
granja, os motoristas aprendem na prática o manejo correto. No frigorífico,
visualizam carnes com hematomas e contusões e têm noção das perdas provocadas
por mau manejo. "Agora, o setor produtivo está cobrando a capacitação
para o setor avícola", diz Dalla Costa.
Fonte: Estado de S. Paulo, 03/06/2009