Bodes com problemas genéticos estão se tornando comuns na região de Juazeiro, na Bahia. Muitos animais nascem com os dois sexos. São hermafroditas.
No meio dos outros animais, ele parece um bode qualquer. Mas basta olhar com mais atenção para ver as diferenças. Ele apresenta os sexos masculino e feminino. Esse é o resultado de um problema genético. Trata-se de um bode hermafrodita.
Apesar de raros, os registros de bodes hermafroditas têm aumentado no Vale do São Francisco. É comum acontecerem quando se introduz novos reprodutores no rebanho, exatamente o que acontece na Bahia. A intenção é mudar o perfil da criação, passando da carne para o leite, o que é considerado mais rentável.
Os bodes hermafroditas são animais mochos, nome dado às raças que não têm chifre. Eles apresentam traços femininos e não produzem leite. Quando isso acontece o produtor precisa saber como lidar com a situação.
“Os produtores que querem se envolver com a atividade leiteira na nossa região, o que vem acontecendo gradativamente, podem muito bem, ao adquirir um reprodutor, preferir um reprodutor chifrudo. Ele já teria quase uma garantia da não-transmissão da doença para os descendentes. No caso da impossibilidade de adquirir o animal chifrudo, que pelo menos acasale com fêmeas que sejam chifrudas. Se o reprodutor for mocho, não portar o chifre de nascença, teria de ter o cuidado de acasalar com animais chifrudos. Isso diminuiria muito a possibilidade de transmissão do hermafroditismo ou a intersexualidade”, explica o veterinário Pedro Humberto dos Santos.
O tratador de animais Josemar da Silva está acostumado a ver bodes hermafroditas. Mas antes não era assim. “Eu pensei que era coisa de outro mundo. Cada dia aparece uma novidade. Quando a gente vê essa situação, fica bastante constrangido. Eu me perguntei o que estava acontecendo. Hoje, com o conhecimento do professor Pedro Humberto, a gente tem mais ou menos a noção da coisa, de o que pode acontecer e como evitar”, diz.
O veterinário Pedro Humberto dos Santos também afirma que o bode hermafrodita não precisa ser descartado. Ele pode ser utilizado como rufião, ou seja, o animal que consegue detectar o cio das fêmeas.
Fonte: Globo Rural (acessado em 06/01/10)