Proibida de ser utilizada na alimentação de ruminantes, a cama de frango pode ser bastante útil quando usada como fertilizante orgânico. Trata-se de uma mistura da casca de arroz ou serragem de madeira colocada nos aviários com as fezes, penas e restos de ração que, se tratada corretamente, pode ser reaproveitada. Segundo o técnico avícola Cláudio Lugokenski , a utilização da cama de frango como adubo é totalmente segura, desde que toda propriedade avícola mantenha um controle sanitário rígido nos aviários.
Lugokenski explica que a utilização correta da cama aviária como fertilizante orgânico inclui o processo de compostagem, que garante a qualidade e a eliminação de organismos patógenos. Outro ponto que deve ser analisado na produção do adubo é a quantidade de amônia (NH3) existente dentro do aviário e na cama. Segundo ele, seu excesso acarreta vários transtornos. “Se aplicarmos a cama aviária direto na lavoura, a amônia contida no esterco causa danos às sementes e mudas, além de destruir parte da flora e fauna do solo. A substância também é prejudicial às aves e ao produtor”, explica o técnico avícola.
A solução para o problema, apresentada por Lugokenski, é baseada numa tecnologia bastante simples. Ele utiliza três tipos de pós de rocha, com funções distintas, em três etapas. Na primeira, ele sequestra a amônia e a transforma em sulfato de amônio. Na segunda, o técnico fornece alimentos para as bactérias nitrificadoras (aeróbicas) se desenvolverem e baixarem a relação do carbono para nitrogênio (C/N). No terceiro passo, ele utiliza um terceiro elemento que absorve a umidade. “Com esse processo, podemos utilizar a cama em até oito lotes consecutivos. A aplicação é feita sobre a cama após a retirada dos frangos e é levemente incorporada”, afirma.
“A ideia surgiu com a finalidade de cada aviário nacional poder ser transformado em uma mini-indústria de adubo orgânico de alta qualidade e pronto para o uso”, finaliza Lugokenski.
Manufatura
De acordo com o médico veterinário Eugênio Arboit, para fazer um adubo de qualidade, deve-se adotar uma série de cuidados ao longo de um ano, sempre nos intervalos entre os lotes. A primeira medida é, logo após a saída dos frangos, queimar as penas dos animais. “Esse serviço é feito com um lança-chamas, também conhecido como vassoura de fogo. Isso vai facilitar a decomposição. A queima das penas também ajuda na sanidade do ambiente, reduzindo a chance de aparecimento de doenças nos próximos lotes de frangos”, explica Arboit.
“Logo depois, entra em cena outro equipamento, a rotativa, que tritura a cama e favorece o processo de decomposição. Este processo também é importante para misturar as cinzas das penas queimadas ao conjunto da cama. Em seguida, é hora de juntar o material em grandes leiras, no centro do galpão. Posteriormente, a cama é molhada com 30% de água e coberta com lona por uma semana. Após isso, ocorre um processo fermentativo natural que eleva a temperatura até 70°C e facilita o controle microbiológico da cama, favorecendo a decomposição e tornando o adubo de boa qualidade”, afirma o médico veterinário.
Fonte: Agrolink (acessado em 13/09/10)