Sistema de redes neurais facilitará rastreamento de bovinos

Na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga, pesquisadores testam com sucesso uma ferramenta baseada em redes neurais artificiais (RNA) que permitirá a identificação biométrica em bovinos pelo focinho. Segundo a zootecnista Carolina Melleiro Gimenez, esta parte da cabeça do animal possui linhas únicas que permitem diferenciá-los. Padrões do focinho do animal são como impressões digitais em humanos. “Conseguimos obter um padrão genérico do focinho por meio do processamento de imagens. Observamos que os padrões distinguem cada animal, assim como uma impressão digital pode distinguir cada ser humano”, explica a pesquisadora.

Os estudos estão sendo conduzidos no Laboratório de Física Aplicada e Computacional (Lafac) da FZEA, sob a supervisão do professor Ernane Xavier. Os cientistas possuem no laboratório mais de mil imagens de focinhos bovinos que estão sendo utilizadas no “treinamento” da RNA. A captação das imagens, o treinamento e desenvolvimento da rede, que estarão concluídos até o final deste ano, fazem parte dos estudos de mestrado de Carolina. “Acredito que no máximo em dois anos teremos o primeiro protótipo de um leitor biométrico de focinho cujo sistema de funcionamento utiliza redes neurais artificiais”, avalia a pesquisadora.

Para o desenvolvimento da RNA, Carolina fotografou animais da raça nelore. “Fotografamos cada animal, um a um, obtendo cerca de 16 imagens por animal que foram armazenadas na base de dados. Desse total, cerca de 2/3 estão sendo aproveitadas no treinamento da rede e 1/3 para testar a rede”, descreve a zootecnista.

Os animais são todos pertencentes à FZEA e foram fotografados aos 11 e aos 23 meses de idade. “Neste período constatamos que não houve mudança no padrão. Observamos apenas alterações mínimas e que não chegam a alterar o padrão de identificação”, garante Carolina.

A pesquisadora destaca que a inovação desse novo sistema está justamente em proporcionar maior segurança ao sistema de rastreamento bovino, seja de corte ou de produção de leite. “Nossa identificação biométrica poderá ser utilizada em qualquer tipo de bovino, independente de sua aptidão zootécnica”.

Sistemas de rastreamento bovino são aqueles que há registros do animal desde o seu nascimento ou desde sua aquisição pelo criador. Atualmente, a maioria das fazendas utilizam sistemas de identificação por brincos ou botons, ou as duas formas. Os brincos e bótons são elementos de plásticos fixados na orelha dos animais e que contém uma numeração. No computador central da fazenda, esses números se referem a planilhas que possuem toda a vida do animal, desde informações sobre datas, como nascimento, vacinações, medicamentos, detalhes de manejo e o sexo, entre outras.

No entanto, é comum os animais perderem suas identificações. “Há situações em que um animal pode ‘tirar’ o brinco ou o bóton de outro, ou mesmo que a numeração se perca quando boi se coçar numa cerca por exemplo. Em geral, estas perdas chegam a representar 10% do rebanho”, explica Carolina. Neste caso, se o criador adotou uma identificação única não teria outra forma de identificar o animal.

A partir de uma tecnologia que possibilite identificar animal a partir da imagem de seu focinho, este problema estará solucionado. “Podemos imaginar que os animais passem por um corredor em que tenhamos um sistema de espelhos que possa obter de forma rápida a imagem do focinho. Com isto facilmente poderíamos identificá-lo e resgatar as informações sobre o bovino. Esta é uma das hipóteses que serão estudadas em meu programa de doutorado”, diz a zootecnista.

A tecnologia que vem sendo desenvolvida no Lafac atenderá plenamente as exigências do Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O objetivo do Sisbov é registrar e identificar o rebanho bovino e bubalino do território nacional possibilitando o rastreamento do animal desde o nascimento até o abate, disponibilizando relatórios de apoio quanto à qualidade do rebanho.

A zootecnista também ressalta que o Brasil, como maior exportador de carne do mundo, ainda sofre embargos por exigências sanitárias. “Precisamos rastrear e ter o controle da vida do animal. Com o novo sistema isso deverá ser facilitado”.

Fonte: Agência USP de Noticias (acessado em 04/11/10)

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