Cientistas criam novo sistema para rastrear surtos de doenças animais e prevenir pandemias

Dezenas de pesquisadores espalhados por diversos países formam uma rede que se dedica a identificar doenças que atacam animais, mas têm potencial para infectar humanos. Esses caçadores de germes, que fazem parte de instituições como a Iniciativa Global para Previsão de Vírus (GVFI, na sigla em inglês), vivem embrenhados na selva ou no meio de criações de animais à procura de pragas que podem destruir a humanidade, como o vírus da gripe H1N1, que há quase dois anos foi responsável por uma pandemia que matou milhares de pessoas em todo o planeta. Agora um novo projeto internacional vai se antecipar a possíveis transmissões de doenças de animais para humanos.

O objetivo do projeto é que a humanidade não seja surpreendida por pandemias. No início de 2009, pesquisadores já tinham quase certeza onde uma pandemia de gripe teria início: a Ásia. A progressão constante do vírus H5N1 da gripe aviária, que se espalhou a partir de aves selvagens e domésticas para humanos, matando pelo menos 306 pessoas desde 2003, era um sinal.

A Ásia e especialmente o sul da China, com residências abrigando grande concentração de humanos e aves, geralmente têm sido as regiões onde os vírus de novas gripes surgem, infectando os animais antes de sofrerem mutação e atacarem humanos. A pandemia de 1957 ficou conhecida como gripe asiática e a de 1968 foi chamada de gripe de Hong Kong, por causa de seus pontos de origem. Até a pandemia de 1918, popularmente chamada de gripe espanhola, pode muito bem ter vindo da Ásia.

Mas da última vez os cientistas erraram. O vírus que disparou a nova pandemia, o H1N1, na primavera de 2009, surgiu no México, e aparentemente não vinha de aves, mas de porcos. Os epidemiologistas do mundo estavam se preparando para uma invasão do leste, mas foram atingidos em seu ponto fraco. O governo mexicano merece ser aplaudido por ter reagido ao novo vírus relativamente bem, e mais importante, de forma aberta, mas o fato é que a pandemia surgiu num ponto cego e certamente retardou a reação internacional ao ataque do vírus. Felizmente, o H1N1 acabou por ser bastante fraco. Porém, se tivesse sido um assassino no nível da pandemia de 1918, o número de vidas perdidas teria sido muito maior.

Agora, cientistas lançaram um novo projeto, o Predict, uma ferramenta de mapeamento on-line que permitirá aos cientistas rastrear surtos de doenças animais que ameaçam os seres humanos, segundo reportagem da Revista Time. Financiado pela Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e liderada por um grupo de instituições, incluindo a Wildlife Conservation Society (WCS) e a GVFI, o sistema vai monitorar dados da Organização Mundial da Saúde, emitindo alertas, notícias e realizando fóruns on-line para os epidemiologistas. Um dos objetivos é criar um mapa digital de animais onde os surtos estão ocorrendo em todo o mundo e quais os perigos para humanos.

O consórcio foi criado em 2009, durante a pandemia de H1N1, e agora pesquisadores esperam que um melhor sistema de rastreamento de informações possa ajudar os cientistas a não serem pegos de surpresa.

A Predict é apenas uma indicação mais recente de que as autoridades e cientistas estão finalmente começando a levar as doenças dos animais a sério. Quase 75% de todas as novas doenças emergentes ou reemergentes que afetam os humanos no século 21 teve origem em animais, incluindo o HIV/Aids, a SARS e a gripe.

“Podemos não ser capazes de evitar a próxima pandemia de gripe ou de doença emergente transmitida de animais para seres humanos, mas devemos saber quando isso vai acontecer”, diz Nathan Wolfe, do GFVI.

Fonte: Extra (acessado em 10/02/11)

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