Série Zoonoses: Mormo

O QUE É MORMO?

O mormo, também conhecido como “Lamparão” ou “Catarro de Burro” é uma doença infecto-contagiosa causada pela bactéria Burkholderia mallei , que acomete principalmente equídeos (equinos, asininos e muares) e pode atingir outras espécies, como pequenos ruminantes,cães, gatos e inclusive o homem; portanto uma zoonose. É endêmica em eqüídeos da região Nordeste brasileira e, nos últimos anos, as regiões Centro-oeste, Sudeste e Sul do país, anteriormente consideradas livres, tiveram casos notificados com números crescentes de focos.

MORMO: SINTOMAS NOS ANIMAIS

O período de incubação da doença é variável de uma semana a meses dependendo do estado imunológico e condição sanitária dos animais. Nos equídeos – equinos, asininos e muares – os principais sintomas são emagrecimento progressivo, febre, quadro respiratório com secreção nasal purulenta, com ou sem sangue, tosse, úlceras em mucosas, granulomas na pele que ulceram e cicatrizam em forma de estrela, e nódulos seqüenciais em cadeias linfáticas, conferindo aspecto de rosário. Na infecção crônica, a secreção nasal é mais discreta, confundindo-se com outras afecções respiratórias. Dissemina-se facilmente entre eqüídeos pelo contato com feridas e secreções muco purulentas do animal doente ou indiretamente por meio de bebedouros, comedouros ou equipamentos de uso comum contaminados. Muitas vezes, os animais são assintomáticos e portanto portadores da bactéria e mantenedores da infecção no grupo.

MORMO: TRANSMISSÃO PARA HUMANOS

O homem se infecta pelo contato com feridas e secreções muco purulentas; pela inalação de aerossóis e poeira contaminadas com secreção durante a lida com eqüídeos, cães e gatos infectados; na realização de necrópsias; no uso de instrumentos contaminados; e no manuseio de amostras clínicas de animais doentes no laboratório. Por isso, o mormo é considerado uma doença ocupacional para médicos veterinários, treinadores e tratadores. A transmissão entre pessoas é rara, apesar de ser possível pelo contato com secreções e feridas. O contato sexual e a amamentação não devem ser estimulados durante a vigência da doença.

MORMO: SINTOMAS EM HUMANOS

Em humanos, a doença normalmente se manifesta no período entre cinco a 14 dias após a infecção. Tanto no equino como no homem, a bactéria localiza-se nos pulmões, mucosa do nariz, laringe e traquéia. Inicialmente os sintomas podem ser inespecíficos, como mal estar geral, enjôo, perda de apetite, tontura, dor muscular e forte dor de cabeça. Posteriormente, evoluem com febre, suor noturno, diarréia, úlceras em mucosas, pústulas e abscessos cutâneos em diversas partes do corpo, gânglios doloridos, secreção nasal purulenta, edema da face, nariz e septo nasal, dificultando a passagem do ar. O resultado são pneumonia e broncopneumonia.

MORMO: COMO DIAGNOSTICAR

O diagnóstico deve levar em conta aspectos clínico-epidemiológicos, anátomo-patológicos e os resultados de exames dos animais, para os quais várias técnicas laboratoriais estão disponíveis, como previsto na Instrução Normativa 24 do MAPA. O diagnóstico do mormo em humanos pode ser feito por cultivo e principalmente por PCR de amostras clínicas de sangue e das lesões. O raio-x do pulmão é indicado para avaliar o comprometimento deste órgão, mas não serve para confirmar o diagnóstico da doença de mormo. O diagnóstico humano conta com o serviço do Ambulatório de Zoonoses do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Avenida Doutor Arnaldo, 165 – São Paulo. Telefone: 3896-1200. E-mail: marcos.silva@emilioribas.sp.gov.br . As consultas podem ser agendadas por telefone ou no site do hospital

MORMO: TRATAMENTO E PREVENÇÃO

Até o presente momento não há tratamento ou vacina para animais confirmados positivos. Estes devem ser sacrificados e as propriedades interditadas até que sejam liberadas como livres de mormo pelo Serviço Veterinário Oficial.

Em humanos, o tratamento é feito a base de antibióticos e deve ser iniciado imediatamente, em ambiente hospitalar, pois a mortalidade para indivíduos não tratados pode chegar a 90%. Dentre os que recebem tratamento adequado, o sucesso pode ser de apenas 50% dos casos.

Para prevenção, é recomendada a utilização de equipamentos de proteção individual na lida com animais. Não existem vacinas disponíveis.

MORMO: COMO PROTEGER OS MEUS ANIMAIS

Mantenha sempre em dia os exames de seus animais, incluindo mormo. Não permitia a entrada de animais sem atestado sanitário em sua propriedade. Não participe de feiras e eventos onde não haja controle sanitário oficial. Divulgue o assunto entre as entidades e sociedades do meio equestre, conscientizando-as do risco real que o mormo representa para todos. Consulte sempre o médico-veterinário.

MORMO: O PAPEL DO MÉDICO VETERINÁRIO

O Médico Veterinário tem papel fundamental para o controle do mormo, grave doença infectocontagiosa. Deve instruir proprietários, tratadores, treinadores e demais profissionais que diretamente se relacionam com animais, para que adotem boas práticas de proteção individual, evitando contato direto com material biológico, preservando a própria saúde e alertar para que não se constituam em agente de disseminação da doença.

MORMO: IMPACTO ECONÔMICO NO BRASIL

Por se tratar de uma das doenças de notificação obrigatória, pela Organização Mundial de Saúde Animal, os órgãos sanitários oficiais dos países vizinhos adotam medidas de controle desta doença em seus territórios e fecham as fronteiras com o Brasil, o que acarreta transtornos e prejuízos para a equideocultura nacional. Medidas internas para contenção do avanço do mormo no Brasil são onerosas e também sentidas pelo mercado interno. Os principais fatores são a obrigatoriedade do diagnóstico, notificação de positividade aos órgãos públicos de vigilância, sacrifício dos animais positivos e interdição da propriedade, inviabilizando a equideocultura.

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