Projeto desenvolvido pelo Parque Zoológico de São Paulo, em parceria com o Hospital A.C. Camargo Câncer Center, conta com o apoio do CRMV-SP
Anualmente cerca de 14 milhões de pessoas são diagnosticadas com câncer e este número deve aumentar nas próximas duas décadas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer é a maior causa de mortes no mundo. Mas a doença não ocorre apenas em seres humanos, pois tumores também são comuns nos animais.
Pensando nisso, a Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP), em parceria com o Hospital A. C. Camargo Câncer Center, e apoio do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) e da Sociedade Paulista de Zoológicos (SPZ), desenvolveu um biobanco, infraestrutura pioneira na América Latina para estudo de neoplasias em animais silvestres, que tem como objetivo entender melhor a interconexão da doença entre animais, humanos e meio ambiente.
O projeto, intitulado Biobanco de Tumores e Tecidos de Animais, faz parte de um programa multidisciplinar de pesquisa em saúde ambiental que envolve tecnologia genética na conservação de espécies ameaçadas da fauna brasileira e que abrange as áreas de microbiologia, fisiologia, comportamento, medicina veterinária e educação ambiental. “O conhecimento gerado por meio dessa iniciativa poderá influenciar gerações de alunos e pesquisadores a pensar de maneira mais global para resolver problemas antigos e novos na interface entre o ser humano e animais”, disse o médico-veterinário e diretor técnico-científico da Fundação, João Batista da Cruz.
A iniciativa de criar um biobanco com amostras de tumores de animais começou a tomar forma em 2012, motivada pela morte da hipopótamo Teteia, que viveu 53 anos e foi diagnosticada com um raro caso de sarcoma com metástases nos pulmões, coração e linfonodos. Contudo, Teteia não foi o único animal do Zoo acometido pela doença. Em dez anos, foram registados 30 casos de câncer em mamíferos, seis em répteis e sete em aves. Pelo menos 300 amostras de tumores da FPZSP estão guardadas no biobanco do A.C. Camargo para serem utilizadas para pesquisas.
O programa também estará aberto para profissionais que trabalham com animais domésticos e silvestres, de produção e em clínicas e criadouros. O CRMV-SP ficará responsável por promover treinamento aos médicos-veterinários interessados em encaminhar kits de armazenamento de amostras para serem analisados pelas instituições. “A prevalência de câncer em cães e gatos têm aumentado e gera maior atenção dos proprietários. A extensão do projeto para animais domésticos e de criadouros aumentará a procura por oncologistas veterinários, o que será positivo para a classe”, enfatiza o presidente do CRMV-SP, Dr. Mário Eduardo Pulga.
Por meio dos estudos das amostras, a Fundação desenvolverá um levantamento confiável de neoplasias que ajudará no tratamento clínico de animais. O projeto também visa desenvolver tecnologias modernas para lidar com esses tumores sem causar danos às células normais e que possam ser usadas em associação a terapias convencionais em animais.
Fonte: Informativo nº 6 – Ciência no Zoo, Zoológico de São Paulo