Está preparando a ceia de Natal com nozes, uvas-passas, macadâmias, tomates, chocolates e condimentos? Cuidado! Estes são alguns dos alimentos consumidos neste período do ano e que são tóxicos ou de difícil digestão para os pets.
De acordo com médicos-veterinários das comissões técnicas do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), 99% do cardápio da ceia natalina não podem ser oferecidos aos pets, e o 1% dos alimentos que até podem ser compartilhados com cães e gatos, geralmente se limita a algumas frutas, em pequenas porções.
Ainda que o tutor não ofereça o alimento diretamente, o animal pode pegar um pedaço de cima da mesa ou até mesmo revirando a lata do lixo no dia seguinte, portanto é preciso cuidado. “Remexendo os restos de alimentos, eles podem ingerir ossos ou mesmo papel alumínio com gosto dos assados, o que pode causar grandes estragos no estômago e intestinos”, alerta Maria Cristina Timponi, médica-veterinária da área de clínica de pequenos animais, e presidente da Comissão de Entidades Regionais Veterinárias do CRMV-SP.
É importante que os produtos sejam mantidos em locais protegidos, em que os animais não tenham acesso. No momento da ceia de Natal, o tutor deve ficar atento e não permitir que o animal receba as sobras dos produtos como petiscos pelos convidados. “O ideal é que os pets estejam bem alimentados antes da ceia para não ficarem pedindo comida”, diz Timponi.
É importante que o tutor entenda que fornecer o alimento de consumo humano não é um ato de amor e pode colocar o animal em risco. Com isso, troque este hábito por carinho e uma atividade física. Em alguns casos, será importante manter o animal distante no momento da refeição.
Restrições até entre os vegetais
De acordo com o presidente da Comissão Técnica de Nutrição Animal do CRMV-SP, Yves Miceli de Carvalho, de maneira geral os vegetais não são bem digeridos pelos pets. “Esses alimentos concentram muitos açúcares que o animal não tem a mesma capacidade do ser humano para digerir, especialmente os gatos, por serem carnívoros.”
No que diz respeito aos legumes, não são estritamente proibidos. A orientação de Carvalho é evitar oferecê-los. Mas, se for servi-los, que seja uma pequena porção de cozidos sem tempero. As frituras são contraindicadas, por causa do alto teor de gordura.
“O cozimento ajuda a quebrar as partículas que o sistema digestório do animal tem dificuldade em romper”, diz o médico-veterinário. Ele lembra a importância de não acrescentar alho ou cebola – principalmente se forem crus, pois ambos podem causar anemia – ou tomate, que contém tomatina, substância que causa alterações no sistema nervoso dos gatos e pode ser fatal.
Intoxicação alimentar
Além das substâncias tóxicas presentes nos alimentos da ceia, o consumo de produtos que não fazem parte da dieta dos pets podem repercutir em transtornos gastrintestinais, como diarréias e vômitos, e até mesmo provocar alterações neurológicas.
“Os sinais clínicos são muito variáveis. Por isso, o tutor deve ficar atento aos sinais do animal e buscar o médico-veterinário caso note qualquer alteração”, reforça João Paulo Fernandes Santos, membro efetivo da Comissão Técnica de Nutrição Animal do CRMV-SP.
Alguns animais podem apresentar salivação, tremores, contração abdominal pela presença de cólica (é comum ficarem com a parte traseira levantada e a dianteira abaixada). “Se um cão de 10 quilos ingerir uma barra de chocolate, pode até vir a óbito”, enfatiza Timponi.
Alimentos liberados
Há nos petshops petiscos formulados especialmente para consumo nesta época do ano pets e que guardam a simbologia do Natal. Snacks, biscoitos, panetones e muffins são alguns dos exemplos dos alimentos específicos para animais. “De toda forma, o tutor deve ficar atento para que não ocorram excessos no fornecimento destes alimentos”, diz João Paulo Fernandes Santos.
“Frutas frescas, como pêssego, banana, pêra e maçã também podem ser ofertados, desde que sem sementes e em pequenas quantidades. O arroz somente em pouca quantidade, cozido com pouco sal e sem temperos”, diz Timponi.