Abelhas nativas no quintal

Elas são minúsculas, mas têm importância fundamental para a natureza, já que 90% das plantas dependem total ou parcialmente delas para se reproduzir. Os nomes são genuinamente brasileiros: mandaçaia, jataí, uruçu, irapuá, jandaíra e muitas outras, num universo de mais de 400 espécies, chamadas de abelhas nativas ou indígenas. Há milhões de anos, elas cumprem a tarefa de manter a natureza viva, visitando árvores e arbustos, polinizando plantas e garantindo sua frutificação. Plantas como o maracujazeiro, o melão, o mamoeiro e o pepino dependem exclusivamente das nativas para frutificar.

No Norte e Nordeste, onde o clima favorece a produção, há vários produtores que sobrevivem da criação de abelhas nativas. Segundo a Embrapa Meio Norte, em Teresina (PI), a alta cotação do preço do mel das abelhas nativas no mercado, que em média varia de R$ 15 a R$ 50 o litro, aliada ao baixo investimento inicial e à facilidade em manter essas abelhas próximas às residências, tem estimulado a atividade.

No Vale do Paraíba paulista, há dois tradicionais meliponicultores – ou criadores de abelhas nativas. Ambos, porém, com objetivos preservacionistas. “Nosso foco é a preservação, pois muitas espécies já estão a caminho da extinção”, diz o pesquisador e criador Daniel Martinez Castilla. Seu criatório tem apenas 20 caixas de várias espécies, na Serra do Palmital, uma reserva localizada em Caçapava. Além da criação, ele confecciona caixas para instalar as colônias. A ideia é estimular a criação das abelhas nas cidades, como forma de evitar a extinção de espécies como a mandaçaia, que ameaça sumir no Sudeste.

“A urbanização isola as colônias, que se fecham em grupos. O cruzamento dentro desses grupos leva à consanguinidade.” A proposta é incentivar a criação em jardins, onde as caixas também são decorativas. Martinez alerta para que não haja tráfego de espécies de uma região para outra, pois além de a prática ser proibida, é prejudicial à meliponicultura.

NA CIDADE

Já o zootecnista Antonio Carlos de Faria é um exemplo de que as abelhas nativas podem ser criadas tranquilamente nas cidades. O meliponário de Faria fica na área central de Pindamonhangaba e entre as suas raridades está uma colônia da espécie “lambe-olhos”, que mede pouco mais de 1,5 milímetro, sendo considerada uma das menores abelhas do mundo. Seu primeiro contato com a meliponicultura ocorreu em 1968, no Litoral Norte paulista, aonde ele chegou a montar uma associação de criadores, a Melinopa (Meliponicultores do Litoral Norte Paulista), reunindo 16 adeptos das nativas.

Faria também é o único que tem a própolis produzida pelas abelhas nativas, que, segundo análise feita no Centro de Estudos Apícolas da Universidade de Taubaté, tem propriedades terapêuticas. “A própolis da abelha jataí tem 100% de agentes bactericidas e a das mirins, como a lambe-olhos, chega a 90%, enquanto o mesmo produto originado das abelhas africanizadas tem 80%”, afirma.

CAIXAS

O criador Daniel Martinez teve os primeiros contatos com as abelhas nativas há mais de dez anos, na Fazenda Nova Gokula, em Pindamonhangaba (SP). Hoje, dá cursos e pesquisa várias espécies, além de construir caixas para abrigar as colônias. Além de servir para preservar as espécies e evitar a extinção, a proposta de difundir as abelhas no meio urbano também é uma forma de ter um retorno financeiro para a atividade, com a venda de colônias. Martinez explica que a produção de mel no Vale do Paraíba é limitada. Uma colônia de mandaçaia, uma das espécies de maior porte no Sudeste, não produz mais que 1,5 quilo/ano. A lambe-olhos não passa de 250 mililitros/ano. Uma forma de explorar as colônias de nativas é para polinizar lavouras. “Produtores usam as abelhas para polinizar plantas em estufas”, diz Martinez.

Fonte: Estadão

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