O diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), Fernando Sampaio, informou, em entrevista, que a entidade está na expectativa para a abertura de novos mercados à carne bovina brasileira ainda em 2011, caso dos Estados Unidos, para produtos in natura.
“Esperamos que, até o final do ano, os norte-americanos cumpram o estabelecido com o País no acordo do algodão na OMC, encerrando o processo de consulta pública que viabilize a liberação de 14 Estados brasileiros para a exportação de carne bovina in natura”, afirma.
No que tange à venda de carne industrializada para os Estados Unidos, retomada em dezembro do ano passado, após longa negociação no qual o Brasil apresentou garantias de um produto livre de contaminação por Ivemerctina, ao estabelecer um plano de controle de resíduos, Sampaio admite dificuldades na retomada dos negócios no mesmo ritmo de antes.
“As inúmeras análises a mais que passaram a ser feitas para certificar a qualidade da carne brasileira tornaram nosso produto muito caro para os norte-americanos, que passaram a importar menos, buscando outros fornecedores para ocupar o espaço deixado pelo Brasil, como Argentina e Uruguai”, comenta.
De acordo com Sampaio, a Abiec está procurando negociar com os norte-americanos uma reavaliação no número de análises visando retomar vendas em maiores quantidades.
Associação está em tratativas com a Indonésia
Por outro lado, o dirigente informa que a Abiec está em tratativas com a Indonésia, na tentativa de retomar as vendas de carne bovina, atualmente interrompidas. Sampaio lembra que, em 2009, a Indonésia já importava carne bovina do Brasil, reconhecendo o processo de regionalização da produção nacional, mas deixou de comprar por conta de uma pressão da Austrália, o principal fornecedor do produto a esse mercado.
“Os australianos passam por uma crise de abastecimento e os indonésios já sinalizaram que estão em busca de outros fornecedores para atender seu mercado, o que abre uma possibilidade ao Brasil”, aponta.
Outro mercado ao qual o Brasil está atento é a Turquia, que importa muita carne com osso, tendo como principais fornecedores os países europeus. “Hoje, as vendas a esse mercado ainda não são possíveis devido ao alto custo, já que o Brasil necessitaria fazer testes em todas as carcaças para identificar a Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE), popularmente conhecida como Mal da Vaca Louca, para poder exportar”, explica.
A exigência passou a ser feita depois que a Organização Mundial de Saúde Animal, em maio último, voltou a classificar o Brasil como um país de risco 2 para a BSE, mesmo sem nunca ter registrado nenhum caso da doença. A alegação é de que o sistema de rastreabilidade brasileiro ainda apresenta algumas lacunas nas informações, por não abranger 100% do rebanho importado há 20 anos, podendo manter o risco de “contaminação cruzada”. O uso de “cama de frango” na alimentação animal, insuficiência no processo de esterilização da farinha de carne, também foram apontados como fatores para a decisão, além de interesses políticos.
Fonte: Canal Rural (acessado em 22/07/2011)