Agosto Lilás: como médicas-veterinárias e zootecnistas podem se proteger da violência no trabalho

CRMV-SP orienta profissionais sobre segurança em atendimentos externos e destaca a importância da Teoria do Elo para as políticas públicas
Texto: Comunicação CRMV-SP Foto:Freepik

Sozinha, em frente a uma casa desconhecida e sem saber quem abrirá a porta. Essa é a realidade de muitas médicas-veterinárias e zootecnistas que atuam em atendimentos externos. Em profissões com crescente participação feminina, a segurança no trabalho ganha contornos específicos. Conhecer estratégias de proteção pode fazer toda a diferença.

“Mulheres que trabalham em atendimentos externos, especialmente sozinhas, estão mais vulneráveis por não conhecerem o ambiente onde irão atuar”, alerta a delegada da 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, Monique Lima.

Outro ponto de atenção é a possibilidade de atender animais vítimas de maus-tratos. Onde há crime ambiental pode haver também um ambiente violento, com risco às pessoas. Nesses casos, o cuidado precisa ser redobrado, como explica a presidente da Comissão Técnica de Medicina Veterinária Legal do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), Tália Missen Tremori.

 “Se o agressor for quem busca assistência para o animal, devemos ter ainda mais zelo no atendimento, priorizando também a nossa segurança durante a prestação do serviço”, destaca Tália.

Durante a campanha Agosto Lilás, o CRMV-SP reforça a importância da proteção das profissionais que realizam atendimentos externos e em domicílio, e traz dicas de segurança. Desde 2022, a Lei nº 14.448 estabelece agosto como o mês dedicado às ações de conscientização sobre as diferentes formas de violência contra a mulher – uma homenagem à Lei Maria da Penha, publicada em agosto de 2006.

Atendimentos externos: como minimizar riscos

Um atendimento seguro começa no agendamento. “A profissional sempre deve confirmar o endereço e os dados do cliente, dando preferência ao contato prévio por telefone ou mensagem para confirmar a localização. Informações vagas ou a recusa em fornecer dados completos podem ser sinais de alerta”, orienta a delegada Monique Lima.

“A prevenção da violência depende do contexto. Todavia, alguns cuidados podem ser adotados para situações em que a mulher esteja sozinha,” reforça a delegada.

Entre as medidas recomendadas, destaca-se o compartilhamento de informações com pessoas de confiança, como familiares ou amigos. Essa simples atitude pode ser determinante em situações de emergência.

infográfico com dicas de segurança para as mulheres.
Teoria do Elo: quando animais e pessoas sofrem juntos

Na Medicina Veterinária e na Zootecnia, um aspecto delicado é a possibilidade de encontrar animais vítimas de maus-tratos, o que pode representar não apenas um crime ambiental, mas também um sinal de violência doméstica, situação que pode expor a profissional a riscos adicionais.

A médica-veterinária e presidente da Comissão Técnica de Medicina Veterinária Legal do CRMV-SP, Tália Missen Tremori, explica:

“A Teoria do Elo, também conhecida como Teoria do Link, mostra que onde há violência contra animais também pode haver agressões a mulheres, crianças ou idosos. Na maioria dos casos, a violência ocorre no próprio ambiente domiciliar, dificultando a tomada de conhecimento por parte de terceiros ou autoridades.”

Como identificar sinais de maus-tratos a animais?

Cada caso pode variar, de acordo com a espécie e o tipo de violência sofrida. No entanto, Tália pontua alguns sinais de alerta comuns:

  • Lesões recorrentes, incompatíveis com os relatos do responsável (como fraturas, hematomas ou queimaduras);
  • Animais muito agressivos ou excessivamente medrosos, principalmente na presença do responsável;
  • Falta de cuidados básicos, como desnutrição, infestação por parasitas, grandes tumores visíveis;
  • Condições ambientais inadequadas, como espaço restrito, sem ventilação ou higiene.

“A primeira atitude é atender o animal, especialmente em situações emergenciais. Para que o caso tenha um desdobramento do ponto de vista investigativo, é essencial a documentação adequada”, afirma Tália.

Confira o passo a passo indicado:

  • Elaborar um prontuário clínico completo, conforme a Resolução nº 1.236/2018;
  • Realizar um exame clínico detalhado, preferencialmente com fotos;
  • Produzir um relatório técnico que possa embasar uma denúncia formal.

Caso o profissional não tenha familiaridade com esse processo, pode contar com o apoio de colegas que atuam na área de Medicina Veterinária Legal.

Também é importante, especialmente em atendimentos domiciliares, não se colocar em risco. “Priorize a própria segurança, não confronte diretamente o agressor”, recomenda a delegada Monique Lima.

Infográfico com canais de denúncia.
Importante:

Se você ou alguém que conhece está em risco, não hesite em buscar ajuda!

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