Animal não é brinquedo: adoção ou compra de um pet requer planejamento

A aquisição irresponsável de um bicho de estimação pode gerar problemas para as famílias e para os animais, cujos reflexos também chegam à saúde pública

No dia das crianças é comum que os filhos peçam um animal de estimação de presente aos pais. Mas comprar ou adotar um pet sem a devida consciência das responsabilidades que isso acarreta pode provocar muitos transtornos entre os familiares e os animais, cujos danos podem atingir inclusive a esfera da saúde pública.

O médico-veterinário e presidente da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do CRMV-SP, Rodrigo Mainardi, explica que é preciso planejar com muita antecedência. Isso inclui pesquisas sobre o pet, tanto no aspecto da opção entre comprar ou adotar, quanto sobre a escolha de uma raça, bem como informações a respeito das necessidades para garantir a saúde física e mental do animal.

“Muitas vezes as famílias atendem ao pedido de uma criança presenteando com um pet e, depois, descobrem que não estavam preparadas para manter o animal de forma salutar ao pet e à própria família”, argumenta Mainardi.

De acordo com o presidente da comissão, há critérios básicos para fazer essa escolha com responsabilidade, desde avaliar o espaço disponível em casa, para saber, por exemplo, o porte ideal do animal, até a reflexão sobre se a rotina e características dos membros familiares são compatíveis com o comportamento do gato ou cachorro, além de verificar se as finanças comportam os custos com a saúde e bem-estar do pet.

Mainardi conta que em sua atuação como clínico já se deparou com diversos casos em que os tutores queriam doar seus animais ao se verem diante dos desafios que poderiam ser evitados ou minimizados a partir de um planejamento.

Agravantes

O presidente da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do CRMV-SP, Rodrigo Mainardi, frisa serem muito diversos os tipos de problemas enfrentados pelos animais e pelas famílias nesse contexto de compra ou adoção irresponsável.

Mainardi exemplifica ao comentar que há tutores que cumprem todo o protocolo para garantir a saúde física do animal, com vacinas, banhos, vermífugo e proteção contra pulgas e carrapatos, além das consultas periódicas, mas, não conseguem atender às necessidades mentais do animal, desencadeando problemas comportamentais que podem ter consequências graves.

“Tem animais que, por ansiedade, desenvolvem lambedura e, com isso, quadros severos de dermatite. Outros, passam a estragar objetos e comê-los, o que pode levar à problemas gástricos passíveis até mesmo de cirurgia”, ressalta Mainardi, que ainda frisa que há também casos de depressão em animais.

Guarda responsável

Assim, sem se informar devidamente antes de levar um pet para casa, as pessoas quase sempre não conseguem exercer a chamada guarda responsável, conceito no qual o animal precisa ter suas necessidades de saúde e bem-estar atendidas, bem como conviver em harmonia com a família na qual foi inserido.

Nesse contexto de falta de preparo, pode ocorrer, inclusive, o abandono do animal, o que é crime, de acordo com a Lei n.º 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais). Dessa forma, além do sofrimento animal, surgem problemas de saúde pública, como a possibilidade de disseminação de zoonoses (doenças transmitidas de animais para seres humanos).

Questione-se

Como se pode ver, a adoção ou compra de um animal é coisa séria. Se você está em dúvida sobre atender ou não o pedido de uma criança que quer ter um animal, confira abaixo as perguntas listadas pelo presidente da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do CRMV-SP, Rodrigo Mainardi, para as quais toda família precisa ter respostas verdadeiras antes de levar um pet para casa:

– Em sua casa, você tem o espaço adequado para o pet?

– As características do animal que pretende ter são compatíveis com o modo de vida da família?

– O orçamento comporta os custos básicos do animal (com vacinação, vermifugação, alimentação de qualidade, proteção contra pulgas e carrapatos e consultas periódicas ao médico-veterinário)?

– Os membros da família terão como se organizar com as tarefas demandas pelo pet, como limpeza, cuidados como escovação de pêlos e passeios diários?

– Será possível dedicar tempo para conciliar a educação da criança e a do animal?

– A família está disposta a arcar com os custos de hospedagem do pet em caso de não haver ninguém para cuidar do animal enquanto estiver viajando?

Essas são algumas das questões mais importantes a serem avaliadas. “Nunca compre ou adote por impulso. Animal não é brinquedo. Essa deve ser uma decisão bem pensada e planejada para o bem de todos”, ressalta Mainardi.

Texto: Assessoria de Comunicação do CRMV-SP

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