Brumadinho: “O fato de os animais não estarem nos planos de contingência muito nos preocupa”

Rosangela Gebara, da Comissão Técnica de Bem-estar Animal do CRMV-SP acompanha o esforço de resgate de animais vítimas do rompimento da barragem
Texto: Exame.com, adaptado pela Comunicação CRMV-SP
Foto: CRMV-MG

Os médicos-veterinários brasileiros em atuação nos resgates aos animais vítimas do desastre provocado pelo rompimento da barragem de Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), buscam minimizar os danos à saúde física e mental dos animais presentes na área devastada. Porém são esforços isolados, já que o Brasil não possui plano ou política nacional que inclua os animais em estratégias de redução de risco em desastres.

“O fato de os animais não estarem nos planos de contingência muito nos preocupa, pois a recuperação da comunidade afetada é mais lenta e dolorosa. Além da perda humana, eles precisam se restabelecer economicamente”, afirma a médica-veterinária Rosângela Ribeiro Gebara, integrante da Comissão Técnica de Bem-estar Animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP).

Com uma equipe, a médica-veterinária do CRMV-SP segue, em Brumadinho, acompanhando os esforços de resgate dos animais.

A cidade

Cidade rural, com muito animais domésticos, Brumadinho também é um local de produção agrícola, composto por pequenos agricultores que criam, principalmente, gado, vacas leiteiras, galinhas e porcos para atender a demanda de Belo Horizonte.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que cerca de 15 mil bovinos, 3 mil vacas leiteiras e 10 mil suínos são criados na área. Além disso, a parte florestal da região abriga milhares de animais silvestres, como mamíferos, répteis e peixes.

Poucos profissionais

Atualmente, o Brasil não conta com um trabalho estruturado, e são poucos os profissionais capacitados nos órgãos governamentais para manejar animais em situações de desastres naturais. Mas alguns países já incluem os animais nos planos de prevenção e redução de riscos em desastres, como a Nova Zelândia e a Costa Rica.

“Esses países entendem que os animais também são afetados pelos desastres naturais e acabam incluindo-os nesses planos, principalmente, os animais de produção, porque aí há um impacto econômico para aquelas famílias que sobrevivem à custa de pequenos animais rurais que servem como fonte de subsistência”, afirma Rosângela.

No Brasil, não temos política ou legislação de redução de riscos em desastres que inclua de fato os animais

(Rosângela Gebara)

Medidas de prevenção

Os governos devem construir em conjunto com a sociedade planos para minimizar os impactos causados, ajudando produtores rurais e tutores de animais a protegerem seus bichos em casos de acidentes. As medidas de prevenção incluem ações simples, como rota de evacuação de animais em áreas próximas a rios e áreas de risco de desastres, até equipamentos e estruturas, como geradores e alimentos especiais que podem ser estocados.

“Para animais de companhia, que vivem em casa, por exemplo, se você precisa fazer uma evacuação rápida, ter algum tipo de caixa de transporte e guia de fácil acesso ajuda na retirada do animal, que deve ter plaquinha de identificação”, explica a médica-veterinária.

Vacinas em dia reduzem os riscos de exposição do animal aos efeitos de um desastre, como o aumento de leptospirose e leishmaniose

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