Um fenômeno está acontecendo nos céus de Jundiaí e vem sendo observado na região central da cidade. É o aumento do número de urubus (do gênero Coragyps) sobre prédios e antenas, em alguns casos, com filhotes.
“Realmente temos notado vários casais. O problema não é sua presença, mas a indicação de alguma alteração ambiental”, diz o chefe do setor de Controle de Zoonoses da Secretaria da Saúde, Carlos Ozahata.
Ele cita os fatos recentes de animais nas áreas urbanas como gambás, saguis e até mesmo onças como efeito da expansão urbana sobre o habitat natural deles.
“Isso coloca o desafio de melhorarmos a política ambiental não apenas em Jundiaí e sim na região. Porém, esse caso dos urubus envolve até mesmo aspectos como o lixo, pois os fatores são alimento e reprodução. Estão usando o alto de prédios como abrigo”.
Os urubus fazem parte da ponta da cadeia alimentar, buscando animais fragilizados ou em decomposição. Mas impressionam pela capacidade de planar nas correntes termais.
Para o setor de Controle de Zoonoses, esse é um fenômeno de atenção a sinais de desequilíbrio ambiental, mas ainda não pede uma ação crítica como ocorre com os mosquitos (dengue ou leishmaniose), raiva (morcegos) e febre maculosa (carrapatos).
Pombas são ainda mais invasoras
A reportagem do BOM DIA registrou também nesta semana um morador alimentando pombas ao lado da Ponte Torta. “É um caso diferente, porque o urubu é nativo”, alerta Ozahata.
A espécie urbana de pomba (do gênero Columba) é exótica e foi trazida pelos portugueses, como os pardais e os ratos, disputando as cidades com a biodiversidade nativa. Além do risco de doenças, esse tipo de ave destrói monumentos e prédios com fezes ácidas.
“São uma praga urbana e já tivemos que agir até em hospitais. Temos uma lei que proíbe alimentar essas aves, mas ainda não foi regulamentada. Seria mais fácil fiscalizar com o apoio de outros órgãos e até o cidadão notificar. A gente precisa educar, porque é como cães de rua. Estão criando um problema e não ajudando.”
O desequilíbrio ambiental também tem sido objeto do Grupo de Observação de Aves de Jundiaí, que está divulgando a ameaça de extinção de 171 espécies de aves no “livro vermelho” do Estado de São Paulo e recentemente marcou a presença do raro Garibaldi e outras 17 espécies de aves no lago do novo complexo de lazer do bairro Eloy Chaves.
Fonte: Jornal Bom Dia Jundiaí (acessado em 28/06/10)