Cientistas que trabalham na costa da Nova Zelândia conseguiram fotografar peixes que habitam regiões profundas do oceano, 7.560 metros abaixo da superfície.
É a primeira vez que se vê peixes vivos em tamanha profundidade no hemisfério sul.
As criaturas, de aparência estranha e coloração rosada, foram fotografadas quando nadavam na fossa de Kermadec, uma vala situada no fundo do mar perto da costa neozelandesa.
A equipe de pesquisadores vinha estudando a área com uma sonda submarina construída para suportar grande pressão.
No ano passado, a mesma equipe registrou a presença de peixes a 7.700 metros –a maior profundidade em que peixes foram filmados até hoje, segundo a equipe.
Os animais haviam sido encontrados na Fossa do Japão, no Oceano Pacífico, ao norte do Equador.
Aparência semelhante
As duas expedições integram o projeto Hadeep, que tenta expandir o conhecimento sobre a vida nas fossas oceânicas, as regiões mais profundas do mar.
Os peixes encontrados no mar profundo perto da Nova Zelândia têm aparência muito semelhante à daqueles encontrados no ano passado: de cor rosa pálida, com corpos arredondados e caudas longas –mas tratam-se, na verdade, de espécies diferentes.
Os habitantes da fossa Kermadec são de uma espécie conhecida como Notoliparis kermadecensis, enquanto os da fossa do Japão são da espécie Pseudoliparis amblystomopsis.
O pesquisador Monty Priede, diretor do Oceanlab, da University of Aberdeen, na Escócia, responsável pelo projeto Hadeep, disse:
“O que nos intriga é que cada uma das fossas parece ter sido colonizada por esses peixes, apesar de estarem em hemisférios diferentes”.
“Presumimos que (evoluíram) a partir de ancestrais semelhantes (que habitavam) regiões mais rasas”.
“Essas espécies nunca são encontradas fora das fossas – são regiões muito isoladas. Você pode imaginar as fossas como se fossem ilhas”.
Os peixes foram fotografados com o uso de um mini-submarino acoplado com uma câmera, conectado a um barco e controlado a partir da superfície.
O submarino foi carregado com peixes podres, para atrair os animais do fundo do mar e permitir que eles fossem fotografados e estudados.
Mas diferentemente de 2008, neste ano a equipe de cientistas não conseguiu filmar os peixes (apenas fotografou), porque o submarino principal, que levava o equipamento de vídeo, foi perdido durante a operação.
Alan Jamieson, da empresa Oceanlab, que coordena o projeto, disse que ficou “devastado” com a perda do equipamento, avaliado em 150 mil libras (cerca de R$ 430 mil).
Fonte: Folha de São Paulo (acessado em 13/11/09)