Terminal de Cargas do Aeroporto Internacional de Guarulhos, 6 de junho de 2019, 7h da manhã.
No Serviço de Vigilância Agropecuária local (SVA/GRU), unidade do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), os médicos-veterinários Luiz Carlos Teixeira de Souza Junior e Montemar Shoussuke Onishi assumem o plantão, dando continuidade ao fluxo da engrenagem que envolve vida animal, saúde humana, economia nacional e relações internacionais brasileiras.
A equipe de comunicação do CRMV-SP acompanhou a rotina dos fiscais agropecuários no terminal, que tem a segunda maior movimentação de mercadorias em aeroportos do mundo, ficando atrás apenas do Aeroporto de El Dorado, em Bogotá, Colômbia. Atualmente, o SVA/GRU conta com quatro médicos-veterinários, que se revezam em plantões de 12 horas.
Eles começam o dia escolhendo as prioridades de atendimento entre os muitos produtos. Na área de exportação, centenas de peixes ornamentais vindos do Quênia e do Canadá, raros e de alto valor comercial, aguardavam para entrar no País. Ao lado, uma peça de atum com mais de 190 quilos.
Mais adiante, um lote de vacinas e camundongos vivos, que vieram para contribuir com o avanço científico nacional. Fardos de aditivos para alimentação de aves e suínos; do outro lado, cães de estimação aguardando a conferência de seus chips e avaliação, antes de serem entregues aos seus tutores.
Trabalho preciso
“É uma rotina diversa, em que tudo é urgente e de uma importância que vai além dos interessados diretos”, diz Souza Junior, enfatizando os impactos que erros nessa dinâmica podem representar.
De acordo com o profissional, é preciso verificar muito bem o produto ou o animal, aplicando conhecimentos da Medicina Veterinária, e garantir os controles nos processos de transporte, conferindo as documentações minuciosamente. “Para qualquer divergência ou problema com a carga, a tomada de decisão deve ser rápida e pode definir se algo poderá entrar ou sair do País.”
Guardiões contra doenças e prejuízos
Onishi destaca ainda que, nesse contexto de trabalho, os médicos-veterinários que atuam como fiscais agropecuários são os protagonistas para a garantia de que nenhum produto ou animal transportará vetores, doenças ou pragas que possam afetar a saúde pública e os negócios entre nações.
“Isso é muito delicado, pois além da responsabilidade de zelar pela sanidade, nosso trabalho se reflete nas relações político-sociais do Brasil com o exterior. Os impactos econômicos são um capítulo à parte, uma vez que identificar problemas em uma carga pode representar prejuízos altíssimos”, afirma Onishi.
Fiscais: entre a capacitação e o equilíbrio
A diversidade de natureza das cargas e bagagens exige do médico-veterinário uma visão ampla quanto à necessidade de estudo e capacitação constantes. “Se sabemos que virá uma carga viva de uma espécie diferente do habitual, precisamos estudar a respeito dela. Sempre tem algo novo para aprender”, argumenta Souza Junior.
Outro desafio está no campo das relações interpessoais, pois ainda há falta de informação por parte de importadores e exportadores quando se deparam com uma negativa. “Não podemos aceitar o risco. Já imaginou deixarmos entrar uma ave sem as garantias necessárias, em meio ao risco de gripe aviária, sendo que um dos orgulhos do Brasil é não ter registros da doença e o reconhecimento pela excelência do setor aviário?”, frisa Onishi, lamentando o fato de, muitas vezes, sofrerem assédio para liberação de carga.