Confira dicas para manter a segurança e o bem-estar dos animais durante o Carnaval

Cuidados com os pets devem incluir evitar excessos de temperatura, ruído e aglomeração
Texto: Comunicação CRMV-SP
A foto mostra um cão com uma pequena gravatinha ao pescoço. Ao fundo, logotipos coloridos que lembram o carnaval.
Foto: Freepik

É cada vez mais comum a presença de animais estimação em bloquinhos de Carnaval e festejos de rua. Entretanto, a festa e a folia dos tutores pode ser sinônimo de estresse e exposição a riscos para os pets. Características como aumento do barulho, aglomeração de pessoas e consumo de alimentos e bebidas inadequadas podem colocar em perigo a segurança, a saúde e o bem-estar dos animais.

Entre os principais cuidados a serem tomados durante as festividades estão manter os animais em local seguro e mais tranquilo, sob supervisão; oferecer sombra e água fresca, regularmente; evitar fantasias quentes e desconfortáveis, assim como horários de altas temperaturas; e ter a identificação do animal com coleira e/ou microchipagem.

“Não é recomendado sair com o animal nos blocos porque tem muita aglomeração, muito barulho e pode ter objetos perigosos no chão, como cacos de vidro, por exemplo. Ir com o animal só se for em um bloquinho muito tranquilo, em uma hora mais amena do dia, onde tenha espaço para caminhar em segurança. Mesmo assim, tomando bastante cuidado”, declara a integrante da Comissão Técnica de Bem-estar Animal do CRMV-SP, Rosangela Gebara.

Integrante da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do Regional, Paulo Corte, ressalta ainda que a não recomendação da participação dos animais no Carnaval se dá, ainda pela exposição a outros riscos. “É uma grande massa de pessoas e se o cão entrar no meio delas, pode ser pisoteado, ou ele pode se assustar com o barulho e sair correndo.”

Principais riscos

É preciso estar atento aos riscos. A aglomeração pode expor o animal a pisoteamento ou atropelamento. O excesso de barulho pode levar a estresse, ansiedade e até mesmo pânico. Alguns sinais de que o animal não está bem são latidos excessivos, tentativas de fuga e até mesmo ataques. É importante manter os pets sempre sob supervisão e tomar cuidado ao deixá-los em locais públicos. Em relação a outros animais, os principais riscos se referem a brigas e doenças.

A aglomeração de pessoas pode ser intimidante para animais, predispondo-os a comportamentos imprevisíveis. Evite forçá-los a interações desconfortáveis e forneça um local tranquilo para se retirarem, se necessário. O risco de pisoteamento é real, especialmente para animais menores. Mantenha-os sob vigilância constante e considere o uso de carrinhos de transporte em ambientes lotados.

Objetos no chão podem machucar e provocar acidentes. A ingestão de restos de alimentos e bebidas, bem como de produtos que não podem ser ingeridos, podem levar a intoxicação ou infecção alimentar. “No chão, é comum haver confetes e serpentinas, que podem ser ingeridos ou, ainda, machucar a córnea do animal. Pode ocorrer também a ingestão de bebidas alcoólicas ou de alimentos indevidos. Então é preciso tomar muito cuidado”, destaca Rosangela.

Temperatura

O calor intenso e a aglomeração de pessoas podem dificultar a regulação da temperatura corporal dos animais, levando à desidratação e hipertermia. É importante oferecer água fresca e limpa aos animais com frequência e mantê-los em local fresco e ventilado, com a possibilidade de sombra.

A desidratação ocorre quando o organismo tem menos líquido do que precisa, geralmente em consequência de não beber água o suficiente, mas também pode ocorrer por causa de condições como insolação ou febre. Já a hipertermia acontece quando o corpo fica em uma temperatura mais elevada do que o normal, podendo ser causada, por exemplo, por exposição ao calor intenso.

Outro fator a que os tutores devem se atentar é a temperatura do chão, para que o cão não queime a pata. “Não sair em um bloco lotado de gente, nas horas mais quentes do dia. Tomar muito cuidado com a questão da hipertermia e da insolação, hidratar o animal, parar com ele na sombra. Evitar som muito alto. Dessa forma é possível pular carnaval de forma tranquila, lembrando que os animais não gostam de aglomeração nem de barulhos muito altos”, ressalta Rosangela.

Fantasias

A fantasia merece uma consideração à parte. A presidente da Comissão de Bem-estar Animal do CRMV-SP, Cristiane Pizzutto, recomenda que, caso queira colocar um enfeite ou uma fantasia no pet, que seja apenas para um ‘clic’. “Tire uma foto para postar aos amigos e nas redes, mas não mantenha o seu animal com a vestimenta por muito tempo. Estas roupas são incômodas e trazem desconforto aos animais”, ressalta.

Devemos lembrar sempre de preservar o bem-estar dos nossos pets ao longo de todo o ano, independente do tipo de comemoração. No Carnaval não é diferente. “A diversão que buscamos não necessariamente é a mesma diversão que o seu pet quer ou precisa. Enquanto você se diverte com o Carnaval, seu pet pode se divertir com várias opções de enriquecimento ambiental apropriado para cães e gatos, no conforto de sua casa. Alguns dos princípios básicos do bem-estar animal é sempre possibilitar um controle do ambiente, ter a opção de escolha, além de proporcionar um local seguro e confortável que atenda às suas necessidades”, declara Cristiane.

Já a integrante da mesma Comissão do CRMV-SP destaca que as fantasias podem aumentar a temperatura corporal dos animais. “É importante lembrar que os cães não suam, então, para trocar calor com o ambiente, eles precisam ofegar. Se tiver muito quente, e o animal estiver com uma fantasia, isso pode piorar e contribuir para a hipertermia. Além disso, fantasias desconfortáveis ou apertadas podem dificultar a locomoção dos animais, causar irritação na pele e, até mesmo, problemas respiratórios. Se for escolher fantasias, o que não é recomendado, é importante escolher fantasias leves, frescas e que não atrapalhem a mobilidade do animal”, destaca Rosangela.

Alimentos e bebidas

A ingestão de itens inadequados para animais, como bebidas alcoólicas, alimentos gordurosos, bitucas de cigarro, entre outros, pode causar diversos sintomas, dependendo do agente tóxico, como vômitos, diarreia, sedação, convulsões, entre outros.

“As bebidas alcoólicas, por exemplo, possuem ingredientes altamente tóxicos para os animais, como algumas plantas e frutas – o lúpulo, no caso da cerveja, e as uvas, no caso do vinho. O organismo de cães e gatos não suporta bem os efeitos do álcool e o risco de envenenamento é muito alto”, declara Rosangela.

Por serem bem menores em massa corpórea do que os humanos, pequenas quantidades já podem ser extremamente prejudiciais e perigosas. Dependendo da quantidade ingerida, as bebidas alcoólicas podem provocar vômito, diarreia, insuficiência renal, coma e até mesmo óbito.

“Durante o Carnaval, os animais podem ter aceso a resto de bebidas nos copos ou no chão, ou pode surgir brincadeiras irresponsáveis como a de oferecer esse tipo de bebida aos animais domésticos. Isso pode parecer inofensivo para algumas pessoas, mas é um risco grave para os pets. Jamais permita que seu animal seja exposto a essa situação”, ressalta Rosangela.

Bloquinhos para pets

Em algumas regiões das cidades existem os bloquinhos pet friendly e muitos foliões querem que seus pets participem desta festa. Não recomendamos estes locais para os pets, mas deixamos aqui algumas recomendações para quem, mesmo assim, quer levá-los:

  • O excesso de pessoas e toda a agitação dos bloquinhos podem deixar o animal muito estressado resultando, inclusive, em um comportamento mais agressivo com as pessoas e outros pets (ocasionando mordidas, por exemplo);
  • É necessário ofertar água fresca em intervalos muito curtos, pois o excesso de calor e o estresse da agitação podem levar a um quadro de desidratação. Atenção especial aos animais braquicefálicos, aqueles com cabeça de formato achatado e focinho mais curto, cuja respiração é mais delicada;
  • Evitar que o animal esteja em contato com o chão quando no meio da aglomeração, pois ele pode ser pisado por foliões, comer restos de comidas que estejam jogadas, inclusive se ferir com estruturas pérfuro-cortantes como latinhas e garrafas;
  • Evitar estar com os animais nos bloquinhos em horas muito quentes do dia. Isso pode resultar em hipertermia e queimaduras nas patinhas resultantes do calor excessivo do asfalto, além de também aumentar o risco de desidratação;
  • Atente-se ao som elevado dos bloquinhos que podem ser altamente estressantes para os animais e causar mudanças significativas no comportamento;
  • Em caso de perda ou fuga, a identificação dos animais é fundamental para que eles possam ser devolvidos aos seus donos. Por isso é importante manter a coleira com a placa de identificação sempre atualizada e considerar a microchipagem do animal.

“Caso seja um local permitido e apropriado, por exemplo, um bloquinho específico pra para o desfile com pets, é importante que o animal esteja de coleira e guia, devidamente identificada com uma plaqueta com nome, e de preferência até com microchip. É essencial não deixar o animal sozinho, e recolher devidamente as fezes do animal, evitando a propagação de doenças”, declara Rosangela.

Viagem

Em uma viagem, alguns cuidados são fundamentais. Durante a viagem de carro, certifique-se de proporcionar conforto ao seu pet com um espaço adequado. O calor costuma ser mais intenso nesta época do ano, portanto, evite deixar o animal trancado no carro, prevenindo o risco de hipertermia.

“Para os foliões que irão viajar, os cuidados diários devem ser seguidos, desde o transporte com segurança, como também deixar os animais em locais arejados e bem ventilados, ofertar uma alimentação equilibrada e muita água à disposição, além de evitar locais com som elevado”, declara Cristiane. Se for viajar de carro, é importante fazer paradas frequentes para oferecer água fresca e para o animal ter a possibilidade de se exercitar, urinar e evacuar.

Durante a viagem, cães e gatos devem estar preferencialmente na parte de trás do veículo, com peitoral e guia adaptados e fixados no cinto de segurança, ou em caixas específicas de transporte individuais para fixação ao veículo (especialmente no caso dos gatos). A guia adaptada deve limitar o acesso do animal ao motorista.

“Nas viagens ao litoral e algumas áreas da Serra da Mantiqueira, precisamos ficar atentos à dirofilariose, também conhecido como verme do coração. Existem medicações em comprido e aplicadas por via injetável que fazem a prevenção por um ano. Procure um médico-veterinário”, afirma o membro da Comissão de Clínicos de Pequenos Animais do CRMV-SP, Paulo Corte. “A maioria das praias não permite a presença de animais e também é preciso estar atento a isso”, ressalta.

Quando se trata de prevenção de doenças, verifique se as vacinas (V10, antirrábica, contra giárdia e gripe canina, entre outras) e antiparasitários estão em dia, especialmente se a região litorânea apresentar riscos específicos. Mantenha seu animal protegido contra pulgas, carrapatos e mosquitos transmissores de doenças como a leishmaniose.

Relacionadas

Presidente do CRMV-SP está em um pulpito discursando. Ele é um homem de meia idade, de pele e cabelos claros, veste terno e gravata e usa óculos. Está em frente a um painel do evento
Imagem mostra cão passeando.
A imagem mostra um cão e um gato encostados um no outro, em gesto de carinho.
Foto: Pexels

Mais Lidas

Diagnóstico por imagem é uma das especialidades reconhecidas pelo CFMV
Crédito: Acervo CRMV-SP
Notebook com a tela inicial da Solução Integrada de Gestão do CRMV-SP (SIG CRMV-SP)
Responsável técnico é a figura central que responde ética, legal e tecnicamente pelos atos profissionais da empresa
Crédito: Freepik
Em São Paulo, a primeira instituição destinada ao ensino da Veterinária teve origem no Instituto de Veterinária, nas dependências do Instituto Butantan, no ano de 1919 Crédito da foto: Acervo Histórico/FMVZ-USP

Contato

(11) 5908 4799

Sede CRMV-SP 

Endereço: Rua Apeninos, 1.088 – Paraíso – CEP: 04104-021
Cidade: São Paulo

Newsletter

Todos os direitos reservados ao Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo – CNPJ: 50.052.885/0001-40