Criar um sistema padronizado de boas práticas sanitárias com controle de riscos à saúde bovina para ser aplicado em unidades rurais produtoras é o objetivo do convênio assinado no final do ano passado entre a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) e a Secretaria de Agricultura e Abastecimento, através da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), com apoio da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) e do Instituto de Zootecnia (IZ).
Para discutir e viabilizar a operacionalização do trabalho, representantes dessas instituições se reuniram em Araçatuba, no dia 24 de janeiro. Participaram o professor doutor da Unesp Araçatuba Iveraldo Dutra e os médicos veterinários presidentes das Comissões Técnicas de Bovinocultura de Leite e de Corte, Carlos Pagani Neto e Sidney Ezídio Martins, respectivamente. Também compareceram os médicos veterinários que irão compor o grupo de trabalho responsável pelo acompanhamento e cumprimento do projeto Marianne de Oliveira Silva (CATI), Fabio Tatsuya Mizusaki (CDA) e Leopoldo Andrade Figueiredo (IZ).
O convênio consiste em desenvolver ações específicas voltadas à utilização de boas práticas sanitárias, de acordo com padrões aceitos internacionalmente. Essas ações terão base na legislação existente, em programas oficiais em vigor e na experiência científica, que terão suas diretrizes consolidadas e servirão de indicador para avaliar a propriedade rural, ao mesmo tempo em que orientam os produtores e a comunidade de prestadores de serviços.
“Além disso, o sistema de boas práticas sanitárias será uma ferramenta para realizar atividades de educação sanitária a produtores rurais de todo o Estado. Serão confeccionados manuais, cartazes e outros materiais de divulgação”, explica Marianne.
Sidney Martins destaca que a realização desse convênio no Estado de São Paulo justifica-se pela própria demanda no território paulista. “São Paulo é o maior centro consumidor de carne e leite do País e a produção não está dando conta de atender essa procura. Isso gera muita importação de outros Estados. Com esse guia, poderemos melhorar não só a qualidade dos produtos, mas também a quantidade, diminuindo a compra externa. Posteriormente, poderemos até exportar mais, uma vez que a produção vai estar em conformidade com o que é exigido no comércio internacional”.
Para Carlos Pagani Neto, o sistema de boas práticas sanitárias vai contribuir inclusive em relação à segurança alimentar. “A qualidade da proteína animal, seja carne ou leite, é definida na origem e não no rótulo”, diz. Segundo ele, quando há um sistema guiando a produção, a segurança de quem está consumindo o produto aumenta.
Segundo o professor Iveraldo Dutra, o sistema de boas práticas de sanidade deve trazer uma nova visão sobre a produção de carne e leite no Estado de São Paulo. “Temos que parar de enxergar a proteína animal como produto agrícola, e sim como alimento. Esse conceito todo mundo entende, todos precisam de alimento”.
Fonte: Portal do Agronegócio (acessado em 31/01/11)