Há exatos 30 anos era criado oficialmente o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Entre suas atribuições estão a gestão e o manejo de fauna em ações de combate ao tráfico de animais. Com trabalho de inteligência, fiscalizações e apreensões, a autarquia federal registrou alta no número de exemplares recebidos em seus centros de triagem espalhados pelo País.
De acordo com o Ibama, só em 2017 foram 36.063 animais, contra os 30.160 recebidos no ano anterior. Os dados – que incluem alguns adendos, como grandes operações – representam um aumento de 19,5%.
Em 2007, a tarefa de manejo de animais foi dividida com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), que lida com animais envolvidos em outras situação que não a de tráfico.
Levando esse fator em consideração, a alta no número de exemplares recebidos pelo Ibama deixa ainda mais clara a dimensão de seu desafio no combate ao tráfico de animais, uma das atividades ilícitas mais lucrativas do mundo – perdendo apenas para o tráfico de drogas e de armas –, que movimenta no Brasil de US$1 a 1,5 bilhões por ano, segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU).
Aves são as mais apreendidas
Entre as espécies com maior número de apreensão, a classe Aves foi a mais representativa (80%), seguida da Reptilia (16,67%). As famílias mais significativas foram Emberizidae (30%), Thraupidae (13,33%) e Podocnemididae (10%). Dentre as espécies, a confiscada com mais frequência foi Sicalis flaveola (Canário-da-terra), seguida por Saltator similis (Trinca-ferro) e Sporophila caerulescens (Coleirinho).
O médico-veterinário Cláudio Massao Kawata, que atua no Ibama há 12 anos e atualmente integra a equipe do Núcleo de Biodiversidade (Nubio) do Instituto, comenta que as ações de monitoramento de fluxo de tráfico de animais envolvem inteligência de investigação, identificação de alvos e ações em conjunto com o Ministério Público e com a Polícia.
Misto de sensações
“É um trabalho minucioso e são muitos os desafios para que consigamos sucesso nas operações”, argumenta Kawata, enfatizando ainda a conciliação com atuações paralelas, como as de licenciamento ambiental no âmbito federal, fiscalizações e combate à extração de recursos naturais e ao desmatamento ilegais.
Hoje analista no Nubio, o médico-veterinário já atuou como fiscal e também no atendimento clínico aos animais encaminhados aos centros de triagem do Ibama. “Todas as experiências provocam um misto de sensação de dever cumprido, pois pude participar de ações em que vidas e áreas verdes foram preservadas; e de frustração, diante do tamanho da problemática que ameaça fauna e flora.”
Origem
O Ibama foi criado a partir da publicação da Lei Federal nº 7.735, no dia 22 de fevereiro de 1989, a partir da fusão entre a Secretaria do Meio Ambiente (Sema); Superintendência da Borracha (SUDHEVEA); Superintendência da Pesca (Sudepe); e Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF).
A autarquia federal nasceu antes mesmo do Ministério do Meio Ambiente (criado em 1992), ao qual está vinculado atualmente. Entre suas diversas atribuições estão:
– coordenar, em parceria com órgãos estaduais de meio ambiente, a elaboração e implantação dos Planos de Área para combate à poluição por óleo em águas brasileiras;
– supervisionar a implementação e execução dos planos de prevenção e atendimento a acidentes e emergências ambientais, exigidos no processo de licenciamento ambiental federal;
– coordenar e apoiar as ações de prevenção e resposta a acidentes e emergências ambientais, prioritariamente de eventos oriundos de atividades ou empreendimentos licenciados pela autarquia.