Palco da última parada do CRMV-SP Escuta de 2022, em 1º de dezembro, o município de Registro contou com mais de 50 participantes, que colocaram em discussão temas como a necessidade de maior participação política da classe em todas as esferas de poder, a valorização e remuneração profissional, o ensino a distância e a importância da qualidade da graduação, as denúncias éticas e o associativismo.

O encontro contou com as presenças do presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), Odemilson Donizete Mossero; da tesoureira e presidente da Comissão de Responsabilidade Técnica, Rosemary Viola Bosch; e dos coordenadores técnico médico-veterinário e jurídico, Leonardo Burlini e Bruno Fassoni, respectivamente; do presidente da Comissão Técnica de Políticas Públicas, Raphael Hamaoui; e da presidente da Comissão de Entidades Veterinárias Regionais, Maria Cristina Timponi.

Entre os profissionais da região, estiveram presentes Roberta de Salles Guarnieri, fiscal médica-veterinária da Unidade Regional de Fiscalização e Atendimento (Urfa) de Santos; da integrante da Comissão de Representantes Regionais do CRMV-SP, Luise Hassui Penteado de Santi, e do ex-presidente do Conselho (gestão 2001/2002), Armen Thomassian.

Na abertura, o presidente do CRMV-SP falou da satisfação de realizar o evento no Vale do Ribeira. “Desenvolvi minha vida profissional aqui, sempre tive uma convivência muito forte com a cidade de Registro. Trabalhei em Cananéia por muitos anos, estamos entre amigos. Esses encontros são muito importantes para o crescimento de nossa profissão. O Conselho é de todos, é nossa casa. O Vale do Ribeira merece ter uma Urfa”, enfatizou Mossero.

Valorização

Um dos assuntos debatidos com bastante veemência e que permeou várias discussões é a necessidade de uma atuação mais efetiva dos médicos-veterinários em todas as esferas governamentais, assim como a valorização dos profissionais na composição de políticas públicas e ações preventivas relevantes. 

“Temos, inclusive, visitado prefeituras até para falar sobre política salarial. Como Conselho, não estamos medindo esforços, mas precisamos que os representantes regionais nos indiquem as autoridades locais para que nós conversemos com eles e façamos corpo a corpo mesmo. Está na hora de marcarmos presença no âmbito político”, afirmou Mossero.

Fassoni lembra que o Conselho não tem atribuição, mas fomenta para que haja remuneração condigna da classe. “É preciso cobrar os gestores, por isso, solicitamos aos municípios que valorizem os profissionais e que definam uma remuneração mais digna”, afirmou o coordenador jurídico do CRMV-SP.

Ensino a distância

Outro tema polêmico abordado foi o ensino a distância (EaD) na Medicina Veterinária, inclusive por conta da abertura de um curso dessa modalidade no Vale do Ribeira. O presidente do CRMV-SP destacou que, embora o Sistema CFMV/CRMVs não tenha poder de decisão em relação à Educação, por ser uma atribuição do Ministério da Educação, não há espaço para acomodação.

“São 14 profissões com atividade fim na Saúde e somente Psicologia, Medicina e Odontologia não têm EaD. O Sistema CFMV/CRMVs é contrário ao ensino a distância, por isso foi criada uma resolução em 2019, que diz que o médico-veterinário que se formar em um curso nessa modalidade não terá registro no Conselho e, por consequência, não poderá exercer a profissão. Infelizmente perdemos na Justiça. Médicos-veterinários formados pelo EaD serão para a Medicina Veterinária e para a sociedade?”, questiona.

Qualidade do ensino

Para Mossero, é preciso repensar o EaD e a proposta do Sistema é que a Comissão Nacional de Educação seja ouvida, que haja um acompanhamento para que se forme bem o profissional. “O trabalho do Conselho é zelar pelas profissões para que a sociedade tenha um atendimento profissional de qualidade. O nível do ensino está muito baixo, precisamos trabalhar nisso.”

Armen ressaltou que a questão educacional é muito importante, mas que a lei que regulamenta a profissão está ultrapassada. “É preciso mudar a lei, baseando-se nas necessidades de formação dos profissionais. A Saúde Única é um caminho a ser seguido. Hoje, nossa força está na Saúde Única sob o ponto de vista do ensino e qualidade.”

“É impressionante a quantidade de denúncias que chegam de alunos sobre o tipo de ensino que estão recebendo. Os estudantes estão entendendo que tem alguma coisa errada”, pontua a tesoureira e presidente da Comissão de Responsabilidade Técnica do CRMV-SP.

Presença do médico-veterinário

Outro questionamento que surgiu é sobre a falta de médicos-veterinários em estabelecimentos que comercializam produtos veterinários, situação esta que estaria acontecendo com frequência na região.

Para o coordenador técnico médico-veterinário do CRMV-SP, os estabelecimentos que vendem produtos veterinários deveriam ter um profissional presente.“No caso dos antimicrobianos, no cenário nacional existe legislação para que a prescrição por médico-veterinário tenha retenção da receita.”

Burlini lembrou, ainda, que tudo envolve articulação política, portanto, é preciso sensibilizar o gestor do município e a sociedade. “Todo e qualquer cidadão que presenciar falha no atendimento deve denunciar. É preciso sensibilidade do tutor para formalizar uma denúncia ética. Vale ressaltar que também é vedado ao médico-veterinário atender e prescrever tratamento fora de consultório, clínica ou hospital.”  “A união, a participação e a integração da classe é fundamental, associativismo regional é a saída, contem conosco”, concluiu Mossero.