Dezembro Verde promove reflexão sobre a importância da guarda responsável

Critérios básicos assumidos pelos tutores e criadores de animal de produção podem evitar o abandono, maus-tratos e o impacto negativo à saúde pública e ao meio ambiente
Texto: Comunicação CRMV-SP / Foto: Pixabay

Ao longo do ano são inúmeras as campanhas temáticas cujas mensagens estão associadas à escolha de um mês e uma cor, de modo a facilitar a compreensão dos temas. O Dezembro Verde faz parte desse calendário, escolhido por ser um período de férias e festividades quando as famílias viajam ou até mesmo presenteiam alguém com animais. As orientações são intensificadas para prevenir a aquisição por impulso e, consequentemente, o abandono.

Para a médica-veterinária Rosangela Ribeiro Gebara, integrante da Comissão Técnica de Bem-estar Animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), a campanha tem como base alertar para a relevância da guarda responsável, considerando características peculiares que refletem o impacto de fatores sociais e econômicos na qualidade de vida dos animais de estimação.

A partir de 2019, segundo a profissional, houve um fenômeno ainda mais grave devido às consequências da Covid-19. “O isolamento social provocou uma alta temporária na compra ou adoção de animais de estimação e, ao mesmo tempo, desencadeou uma onda expressiva de maus-tratos e abandono”, pontua.

Rosangela, que atuou em programas da World Animal Protection com foco em animais de companhia e em situações de desastre, alerta que “é preciso reforçar a importância social da atuação orientativa dos médicos-veterinários, especialmente nesse período de crise sanitária provocada pela pandemia, para que não haja a aquisição de um animal sem que o tutor faça um planejamento prévio”.

Oscilação na economia, queda no poder aquisitivo, fatores emocionais ou aquisição sob apelo são as “situações mais comuns para justificar o abandono”, de acordo com a médica-veterinária. No entanto, a profissional ressalta que essa atitude é crime previsto pelas leis federais nº 9.605/1998 e nº 14.064/2020, passível de condenação caso seja comprovado o abandono ou maus-tratos.

“O médico-veterinário pode intervir como agente educacional orientando o tutor sobre o sofrimento causado aos animais e os riscos que o abandono provoca na Saúde Única”

(Rosangela Ribeiro Gebara, integrante da Comissão Técnica de Bem-estar Animal do CRMV-SP)

Sofrimento não escolhe tamanho ou espécie

Para Maria Cristina Timponi, presidente da Comissão de Entidades Veterinárias Regionais (CEVT) do CRMV-SP, o abandono normalmente é associado apenas aos animais de pequeno porte, como cães e gatos, no entanto, diz a médica-veterinária, a conscientização deve ser feita incluindo “equinos, bovinos, caprinos, suínos ou, ainda, as aves”.

A menção às espécies de grande porte e de produção pode ser contextualizada com o episódio que gerou comoção nacional envolvendo abandono de búfalos em uma fazenda do interior do estado de São Paulo.  É preciso compreender, justifica Maria Cristina, “que os animais são seres sencientes, isso significa que eles sentem dor, solidão, fome, frio e merecem nosso respeito”. O homem, reitera, “está no topo da pirâmide evolutiva e tem por obrigação moral prover uma vida digna e livre de sofrimento a qualquer espécie”.

Saúde pública comprometida

Para a presidente da CEVR do CRMV-SP, a falta de comprometimento com a guarda responsável, além de representar desrespeito aos direitos dos animais, coloca em risco a saúde pública. A médica-veterinária reforça que “mais de 70% das doenças humanas são consideradas zoonoses, ou seja, patologias transmissíveis por meio de algum tipo de contato com animais”.

Para compreender melhor a questão, alerta Maria Cristina, é possível citar inúmeros exemplos como “o animal abandonado que contrai raiva, leptospirose, giardíase, micoses, leishmaniose e outras tantas doenças com potencial para transmissão às pessoas”.

A Medicina Veterinária e Zootecnia no combate ao abandono e promoção do bem-estar animal são imprescindíveis. “São profissionais capacitados para colaborar na definição de políticas públicas de proteção aos animais e, consequentemente, na garantia de uma vida com mais qualidade também aos humanos”, afirma a presidente da CEVR.

Equilíbrio

Construir ambientes cuja convivência harmônica seja prioridade é outro aspecto da campanha Dezembro Verde, além de ser uma oportunidade para estimular a discussão sobre “questões que envolvem todo o ecossistema”, fortalecendo assim o elo com a Saúde Única. “Uma sociedade esclarecida é o ponto primordial para a diminuição do abandono e maus-tratos”, defende Maria Cristina.

“O médico-veterinário e o zootecnista estimulando o convívio saudável entre animais e a humanidade contribui para a prevenção de doenças, a preservação das espécies e o equilíbrio ambiental, afinal, a evolução de uma sociedade pode ser medida pelo respeito à natureza”, finaliza.

 Pilares da guarda responsável: antes de levar um animal para casa, pense nisso:

– Todos na família estão de acordo com a presença do animal?

– O animal terá onde ou com quem ficar quando o tutor for viajar?

– O animal terá um espaço adequado para dormir e brincar?

– O tutor terá tempo para fazer passeios e dar a atenção diária que o animal requer?

– Haverá condições de levar o animal regularmente ao médico-veterinário?

Como denunciar abandono e maus-tratos

– Reúna todas as provas existentes (como fotos, vídeos, imagens de circuitos de condomínios, áudios);

– Com o material em mãos, vá até uma delegacia de polícia e registre o boletim de ocorrência ou acesse o botão abaixo para denunciar de forma on-line para a Delegacia Eletrônica de Proteção Animal.

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