Dia da Avicultura: Brasil é gigante global na exportação

País consolida liderança no setor com tecnologia, segurança sanitária e sustentabilidade
Texto: Comunicação CRMV-SP / Foto: Freepik

A criação de animais é tão antiga quanto a agricultura, e com o passar do tempo e do avanço das tecnologias, a atividade antes desempenhada de forma rudimentar, se transformou em um mercado altamente moderno e competitivo, no qual o Brasil tem papel de protagonista apesar dos desafios globais e dos impactos impostos pelos casos de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade.

Neste Dia da Avicultura, o País celebra o título de maior exportador de carne de frango do planeta e terceiro maior produtor. Embora associada apenas a frangos e galinhas, a avicultura também abrange a criação de gansos, avestruzes, codornas, patos e perus, além da produção de ovos e derivados.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), somente em julho o Brasil exportou 399,7 mil toneladas de carne de frango (in natura e processados), um crescimento de 16,4% em relação ao mês anterior, quando foram embarcadas 343,4 mil toneladas. Também foram exportadas 5.259 toneladas de ovos em julho.

Para o presidente da Comissão Estadual do Agronegócio do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), Sílvio Hungaro, o desempenho brasileiro não é obra do acaso. “O Brasil tem alcançado excelentes resultados zootécnicos na produção de aves graças a uma somatória de fatores, desde genética, prevenção, sanidade, manejo, instalações, ambiência, sustentabilidade, equipamentos e, principalmente, nutrição”, disse ressaltando o papel determinante de médicos-veterinários e zootecnistas.

Pesquisa científica impulsiona o setor

A pesquisa científica tem papel decisivo no desenvolvimento da avicultura brasileira, uma das maiores cadeias de produção do mundo. Para o médico-veterinário e docente da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (Fzea-USP), Carlos Granghelli, o avanço do setor está diretamente ligado ao investimento em ciência e à articulação entre diferentes atores.

“Além da força de vontade do brasileiro de fazer acontecer, a dedicação dos grupos de pesquisa universitários em refinar a nutrição das aves, as medidas de biosseguridade impostas pela legislação e a parceria entre empresas, universidades e produtores foram a força motriz para impulsionar nosso setor”, afirma.

Esse esforço conjunto entre pesquisa e produtores resultou em um marco histórico: em 2024, o Brasil exportou mais de 14 milhões de toneladas de carne de frango, de acordo com a ABPA.

O presidente da Comissão Estadual do Agronegócio do CRMV-SP, Sílvio Hungaro, reforça o orgulho nacional pelo desempenho. “O cenário da avicultura no Brasil segue pujante graças à dedicação, qualificação e trabalho dos produtores brasileiros. É um grande orgulho para o País.”

Novos desafios globais

A avicultura contemporânea enfrenta grandes desafios diante das mudanças climáticas, da escassez de recursos hídricos e da necessidade de preservar a biodiversidade. Para superar esses obstáculos, profissionais apontam como indispensáveis os investimentos em pesquisa, inovação tecnológica e políticas públicas de apoio ao campo.

Apesar de tais dificuldades também fazerem parte da realidade brasileira, o País tem se destacado quando o assunto é sustentabilidade na produção, ressalta o presidente da Comissão do Agronegócio do Regional.

“A produção animal no Brasil está entre as mais sustentáveis do mundo. Grande parte da nossa matriz energética é hidrelétrica, e há anos o setor vem adotando práticas voltadas à qualidade e à redução no consumo de água, especialmente nos abatedouros. O tratamento adequado de resíduos e da água utilizada são exemplos que colocam o País à frente de muitos outros”, destaca Sílvio Hungaro.

Além de sua relevância para o agronegócio, a avicultura brasileira tem um papel social fundamental ao garantir alimento de qualidade para a população, destaca o professor Carlos Granghelli. “A avicultura é não apenas um dos grandes motores da economia, mas também um dos pilares da segurança alimentar no Brasil. Contribui com o fornecimento de carne de frango produzida com alto rigor e qualidade para a mesa do cidadão, além de oferecer um alimento poderoso, barato, nutritivo e prático: o ovo.”

Papel do médico-veterinário e do zootecnista

O atual status da produção e exportação da avicultura nacional não seria possível sem dois profissionais essenciais: o médico-veterinário e o zootecnista, cujas atuações são fundamentais para garantir o bem-estar animal.

O médico-veterinário atua na sanidade dos plantéis, prevenção de zoonoses e inspeção de produtos de origem animal. Já o zootecnista foca no manejo racional, melhoramento genético e, principalmente, na nutrição adequada.

Para o zootecnista e pós-graduado em Administração Rural, Carlos Cesar Mori, a nutrição animal foi a área que mais avançou tecnologicamente. “Tivemos muitos progressos na nutrição de precisão, ajustando dietas conforme a fase e desempenho das aves, e no uso de aditivos naturais, como enzimas, minerais orgânicos, probióticos, prebióticos e óleos essenciais, para substituir antibióticos promotores de crescimento”, explica.

O professor Carlos Granghelli ressalta que os métodos de análise de resultados também evoluíram. “Metodologias cada vez mais precisas para estimar exigências nutricionais de diferentes categorias, sob distintas condições produtivas, aumentam a eficiência, reduzem o custo da ração e melhoram a saúde intestinal, inclusive com aditivos derivados de resíduos de outros processos bioindustriais, contribuindo para a sustentabilidade.”

Impactos da Gripe Aviária

A gripe aviária (ou influenza aviária de alta patogenicidade, a H5N1) vem provocando surtos significativos no mundo desde 2023, com impactos ecológicos, sanitários e econômicos que podem chegar a bilhões de dólares em regiões como Europa e Estados Unidos. O Brasil também foi afetado.

“Embora os casos no Brasil tenham ocorrido, principalmente, em aves silvestres, o País reforçou as medidas de biosseguridade para prevenir surtos em granjas comerciais. Isso elevou os custos operacionais, mas ajudou a manter a confiança dos importadores. Alguns países suspenderam temporariamente compras de regiões afetadas, mas, de modo geral, o Brasil manteve sua posição de destaque no mercado global”, explica Carlos Cesar Mori.

A confirmação do primeiro foco em granja comercial ocorreu em maio deste ano, na cidade de Montenegro, Rio Grande do Sul, levando à suspensão temporária das exportações de produtos avícolas. Entretanto, a rápida notificação dos casos e mobilização do Serviço Veterinário Oficial (SVO), foi essencial para que 37 países já retomassem a importação de carne de frango brasileira sem restrições, após a Organização Mundial de Saúde Animal (Omsa) reconhecer o fim do caso registrado no Sul do País.

Apesar do impacto, o Brasil manteve a liderança nas exportações. Para o professor Carlos Granghelli, a eficiência com que os casos são identificados, notificados, confirmados e com que as medidas protetivas são implementadas é impressionante. “Diante de tantos riscos decorrentes da influenza aviária, o Brasil se manteve em excelente posição no mercado”, afirma.

No dia 18 de agosto, o CRMV-SP realizou o Webinar: “Influenza Aviária de Alta Patogenicidade – Importância na Clínica de Animais Silvestres”, trazendo o tema para o debate entre os profissionais e reforçando a importância da atualização técnica para a prevenção e manejo da doença. Não conseguiu participar? Acesse o canal do CRMV-SP no Youtube e assista!

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