Com mais de 85 mil
notificações de dengue neste ano (aumento de quase 200% sobre o mesmo período
de 2008), a Bahia chega ao meio do ano com a perspectiva de que a doença
continue fazendo vítimas no inverno – e nas férias. O Estado vive a maior
epidemia de dengue desde 2002 e já bateu o recorde no número de mortes em
razão da doença – 55.
Oferecem maior risco justamente cidades turísticas, como Porto Seguro e
Ilhéus, no litoral, e Jequié, um dos pólos das tradicionais festas juninas do
interior baiano. Esses municípios estão entre os que decretaram estado de
emergência.
Diferentemente do Sudeste e do Sul, onde o inverno é seco e o nível de
transmissão da dengue é baixo nesta época, o inverno chuvoso do Nordeste,
aliado à pequena queda nas temperaturas, propicia que a doença continue em
nível significativo.
Em 2008, uma semana de julho registrou 495 casos, abaixo de semanas de março
a abril – pico da doença-, mas superior a semanas de janeiro.
Jesuína Castro, da Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria da
Saúde da Bahia, afirma não haver motivo para pânico e que as pessoas podem
visitar o Estado.
Diz, contudo, ser recomendável que, em cidades com epidemia, o visitante use
repelente e evite bairros com maior infestação – segundo ela, na praia, o
vento inibe a ação do mosquito. O Disque Dengue dá informações: 0800-7237733.
Segundo ela, a hipótese é que o número de casos caia cerca de 50% nos meses
mais frios. "No Nordeste, a precipitação é maior no inverno. A
temperatura não está caindo muito neste ano. Esse quadro de chuva e calor é
super favorável à reprodução do [mosquito transmissor] Aedes
aegypti onde não são tomados os devidos
cuidados."
Além da Bahia, a dengue apareceu com força em outras regiões. Fortaleza soma
2.800 casos confirmados neste ano. Apesar da tendência de queda, o clima
favorece a permanência da doença na cidade.
Pernambuco, que teve redução drástica de casos de dengue neste ano – apenas
2.223 até 24 de maio, frente aos mais de 22 mil do último ano – tem na região
de Caruaru um de seus principais focos da doença. As festas juninas são uma
das principais atrações do local.
Quanto às fortes chuvas que afetaram o Nordeste, o coordenador do Programa
Nacional de Controle da Dengue, Giovanini Coelho, diz que a chuva torrencial
ajuda a levar a sujeira e os criadouros.
Segundo o Ministério da Saúde, o total de notificações no país caiu 52% neste
ano. Sete Estados tiveram aumento: AC, RR, AP, ES, MS, MT e BA.
Fonte: Folha Online, acesso em 09/06/2009