Pecuaristas de várias regiões do Brasil podem ter problemas na hora de realizar exames de tuberculose em seus animais. A tuberculina bovina, antígeno necessário para realizar o teste, está em falta no País. O problema não é recente, mas tem se agravado, segundo Daniella Bueno, presidente do Instituto de Defesa Agropecuária do Mato Grosso (Indea-MT).
Diante da situação, o Departamento de Saúde Animal, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), enviou memorando aos estados, na semana passada, facultando a exigência do exame – até que o abastecimento seja normalizado – para animais que participam de eventos agropecuários e que são enviados para outras unidades da federação para fins de reprodução.
Em agosto do ano passado, já havia falta de reagentes para exames de tuberculose e brucelose, após a suspensão da produção dos antígenos necessários pelo Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), no começo de 2017, motivada por inconformidades nas instalações.
Atualmente, os antígenos vêm do Instituto Biológico de São Paulo (IB) – que aumentou a produção após o fechamento do Tecpar – ou são importados dos Laboratórios Microsules, com unidades no Paraguai, Uruguai e Argentina. A reprovação de lotes importados nos testes do Mapa teria agravado o abastecimento, principalmente, no caso de insumos usados para o teste de tuberculose.
Mato Grosso
Em Mato Grosso, onde o Indea decidiu suspender a exigência do exame até a normalização da situação, apenas 26 médicos-veterinários, em 22 municípios, têm o insumo em estoque, totalizando 6.683 doses. “É um número insignificante de doses. Um produtor entrou em contato conosco porque ele, sozinho, tem 900 touros para enviar para outro Estado, e eles precisam do exame”, afirma Daniella.
No Estado, o Indea recomenda aos produtores procurar se há como adquirir o insumo em seu município. Em caso negativo, é possível conseguir a emissão da Guia de Trânsito Animal (GTA) sem o exame, mas o pecuarista precisará assinar termo de ciência e compromisso de que está encaminhando os animais sem o teste.
Paraná
No Paraná, a exigência em relação ao exame continua, mas algumas regiões já sofrem com a falta do produto. “Apesar de ainda termos algum estoque, ele não está bem distribuído. Às vezes, o estabelecimento que tem o insumo fica fora de mão e isso gera transtorno”, afirma Elenice Aparecida Amorim, médica-veterinária da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) e responsável pelo programa de controle da doença no Estado.