Policiais ambientais de Lins, no interior de São Paulo, resgataram, na tarde de segunda-feira (12), um filhote de jaguatirica com cerca de um mês de vida. O animal foi encontrado em uma extensa área de canavial, no bairro rural Tangarás, durante patrulhamento de rotina.
Por ser ainda bem pequena, com menos de 20 centímetros e estar em fase de amamentação, a fêmea corre sérios riscos, principalmente quanto ao frio registrado na região. Por isso, os policiais foram orientados a levá-la ao Zoológico Municipal de Bauru, onde será mantida aquecida e será alimentada com leite de cabra. Devido à coloração dos pelos nessa fase da vida, os filhotes de gato-do-mato e onça-parda (puma) podem ser facilmente confundidos com os de jaguatirica. Foi preciso a ajuda de um biólogo para a identificação.
De acordo com o biólogo Gérson Rodrigues, do Zoológico de Bauru, a jaguatirica é difícil de ser encontrada na região devido ao desmatamento e precisa de áreas de mata preservada para sobreviver. Além disso, o biólogo explica que o filhote dificilmente voltará à vida selvagem, pois sem a presença materna não desenvolve os instintos de caça e de defesa. “Esses animais geralmente não retornam à natureza. Ele tem que aprender tudo com a mãe, tudo o que precisa para sobreviver na natureza e, nesse caso, não houve tempo para esse aprendizado. Pode ser que ele volte, mas se houver um programa de reabilitação”, explica.
Rodrigues explica ainda que a fêmea não faz companhia para os filhotes o tempo todo, ela os esconde quando precisa caçar, por exemplo, e volta para alimentá-los. “Muitas pessoas podem até pensar que a mãe os abandonou, mas pode não ter sido isso o que aconteceu. Animais com hábitos solitários costumam deixar os filhotes escondidos quando vão caçar ou se alimentar, é o caso também do veado catingueiro”, disse.
A cada cria, a fêmea de jaguatirica pode ter entre um e três filhotes. O soldado Alexsandro Pelegrino explica que não é possível saber o que houve com a mãe do filhote encontrado ou se há outros da mesma cria perdidos pelo canavial. “Por mais que a queima da palha da cana seja legalizada, pode ocorrer a morte do animal”, disse.
Fonte: Ambiente Brasil