No Dia Mundial dos Animais (04/10), é comum que a pauta gire em torno dos animais silvestres ameaçadas de extinção ou do combate ao abandono e maus-tratos de cães e gatos. Entretanto, neste ano, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) traz o gambá, incidente no Estado, para o centro das atenções.
A espécie vive próxima de centros urbanos, ficando vulnerável a acidentes e, muitas vezes, sendo mal compreendida pelos seres humanos.“Com frequência eles são confundidos com ratos ao entrarem em residências e podem acabar sendo mortos”, comenta Marcello Schiavo Nardi, presidente da Comissão Técnica de Médicos-veterinários de Animais Selvagens do CRMV-SP.
Existem ainda outros riscos aos quais o gambá é exposto por transitar em áreas urbanizadas. “Há incidência de morte por atropelamento, choque elétrico e ataques por cães, alerta Nardi, informação confirmada pelos registros da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SIMA).
De acordo com Sistema Integrado de Gestão de Fauna Silvestre (GFau) mantido pela pasta, só em 2018, os Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) e Centro de Recuperação de Animais Silvestres (Cras) receberam 960 gambás. O montante representa um aumento de 75,8%, se comparado ao do ano anterior, quando 546 animais da espécie foram atendidos.
Mas afinal, quem são os gambás que circulam em SP?
Conhecido popularmente como “Saruê”, os gambás encontrados no estado de São Paulo pertencem ao gênero Didelphis e se dividem em duas espécies: Aurita, chamada de gambá-de-orelha-preta, mais incidente no litoral e na capital paulistas; e Albiventris, conhecida como gambá-de-orelha-branca, mais frequente no interior do Estado. Ambos são semelhantes e se diferenciam, basicamente, pela cor e formato das orelhas.
Integrante da Comissão Técnica de Médicos-veterinários de Animais Selvagens do CRMV-SP, Cristina Maria Pereira Fotin comenta que eles são mamíferos que pertencem à infraclasse de marsupiais e possuem uma bolsa onde ficam seus filhotes, assim como o Canguru. “A fêmea carrega os bebês até quatro meses de idade e, depois, eles passam para as costas da mãe.”
Características
Os gambás são animais de hábitos noturnos, que vivem em árvores e têm ampla variação nas escolhas alimentares. “Eles comem frutas, folhas, raízes, insetos, larvas, ovos e até pequenos roedores e mamíferos”, explica Cristina.
Assim como os gambás americanos, os chamados Saruês também possuem glândulas adanais que podem eliminar odor ruim. De acordo com a médica-veterinária, isso só ocorre quando eles se sentem ameaçados e o cheiro é menos fétido que o do americano.
Evitar a aproximação ajuda a manter os animais em segurança
Segundo Cristina, a circulação de gambás em trechos urbanos é considerada uma resposta à degradação ambiental. Em regiões em que os projetos respeitaram vegetações naturais, o animal se mantém em seu habitat, já em áreas nas quais não houve essa preservação, os gambás saem em busca de alimento ou abrigo e acabam adentrando casas.
Para evitar a aproximação desses animais, as orientações dos médicos-veterinários são:
1- Evite acumular lixo nos quintais e áreas de serviço;
2- Não deixar a ração de cães e gatos exposta;
3- Mantenha os telhados vedados, para evitar que gambás se alojem nos forros.
O que fazer ao se deparar com um gambá em casa:
1- Mantenha distância e não tente pegá-lo. Além de assustar o animal, as pessoas podem ser feridas por sua mordida;
2- Facilite a rota de saída do gambá abrindo portas, janelas, portões ou utilizando galhos de maneira a formar pontes em muros;
3- Se o animal estiver ferido, acione a guarda ou polícia ambientais, que podem fazer o encaminhamento para centros de atendimento de animais silvestres.