Este ano, a Organização das Nações Unidas (ONU) escolheu o tema “Natureza e mudança climática” para o Dia Mundial da Água, comemorado no próximo dia 22. A ideia é propor uma reflexão sobre as condições de infraestrutura hídrica e chamar a atenção para problemas da escassez de água potável, necessidade de preservação e uso racional dos recursos hídricos, além da conscientização quanto ao desperdício e à poluição da água.
No momento atual, em que o simples ato de lavar as mãos pode poupar milhares de vidas, todos devem colaborar. “Nós, médicos-veterinários, devemos ter práticas sustentáveis na gestão e manejo dos resíduos gerados. Afinal, a saúde ambiental, um dos pilares da Saúde Única, é nosso compromisso profissional”, alerta Elma Pereira dos Santos Polegato, presidente da Comissão Técnica de Saúde Ambiental (CTSA) do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP).
O descarte de resíduos de serviços de saúde animal deve seguir normas e recomendações, mas, segundo Elma, embora a legislação em vigor no Brasil também seja aplicada aos resíduos gerados pelos serviços médico-veterinários, devido à diversidade de espécies animais e atividades distintas, ela não é suficientemente clara.
“Um dos maiores problemas é entender e interpretar a legislação que tem um viés voltado mais para a área humana, sendo que existem particularidades da área animal não contempladas pela legislação, dificultando, assim, seu entendimento e aplicação adequada no cotidiano dos estabelecimentos veterinários”, afirma Elma.
Desafios na Aquicultura
Outra atividade que causa grande impacto ao meio ambiente é o setor aquícola, que gera uma grande quantidade de resíduos em todas as etapas de produção. “Um dos principais desafios da Aquicultura é a destinação correta dos resíduos, bem como o aproveitamento integral do pescado, principalmente quando se refere à sustentabilidade da atividade”, afirma Agar Costa Alexandrino de Perez, presidente da Comissão Técnica de Aquicultura (CTA) do CRMV-SP.
Segundo Agar, a gestão do resíduo de pescado exige planejamento e tecnologia adequados devido à interdependência dos aspectos ambientais, legais e econômicos. E explica que com o crescimento da atividade, os resíduos poluentes aumentaram substancialmente, por isso se faz necessária a aplicação de boas práticas de produção para evitar a contaminação do meio ambiente.
Falta regulamentação
A médica-veterinária salienta que ainda não há legislação específica para a utilização da maioria das medicações em Aquicultura, o que acarreta risco para o meio ambiente e para a saúde pública.
“A falta de produtos regulamentados para este fim aumenta o potencial para abusos e usos incorretos, levando os produtores a utilizarem drogas ilegais, em geral aprovadas para outros usos. Assim torna-se difícil estabelecer o quantitativo do uso de drogas em meios hídricos e dos perigos potenciais, pois há falta de dados e as leis são fragmentadas”, conclui Agar.
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