O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) determinou a suspensão do uso de duas partidas da vacina Excell 10 (016/2024 e 018/2024), fabricada pela empresa Dechra Brasil Produtos Veterinários. A medida foi adotada após relatos de eventos adversos graves, que resultaram na morte de animais nos estados do Piauí, Sergipe e Maranhão. A investigação conduzida pelo Mapa tem previsão inicial de conclusão em 60 dias.
A fiscal médica-veterinária do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), Mariana Moraes Dionysio e Souza, explica que a Excell 10 é uma vacina inativada destinada a ovinos, caprinos e bovinos. O imunizante atua na prevenção e no controle de enfermidades causadas por bactérias do gênero Clostridium, como carbúnculo sintomático, gangrena gasosa, morte súbita, enterotoxemia, edema maligno, hepatite necrótica, tétano e botulismo.
O Mapa já realizou fiscalização na fábrica e solicitou à empresa um relatório detalhado da distribuição das doses. Estão sendo realizadas também colheitas de amostras para análise oficial por laboratório federal de defesa agropecuária. “É importante ressaltar que a vacinação permanece sendo uma estratégia eficaz contra a clostridiose e que o consumo de produtos de origem animal (caprina, ovina e bovina) provenientes de animais saudáveis e inspecionados pelo Serviço Veterinário Oficial é seguro”, afirma Mariana.
Em relação aos eventos adversos, a médica-veterinária explica que os riscos para os animais vacinados ainda são incertos e seguem em investigação. Até o momento, relatos indicam que, antes do óbito, os animais apresentaram sintomas como inchaço muscular no local da aplicação, claudicação, incoordenação motora e, em casos mais graves, rigidez muscular, tremores, trismo, opistótono (arqueamento do corpo com a cabeça voltada para trás) e convulsões. De acordo com os registros, os sintomas podem surgir semanas após a aplicação da vacina.
Atenção, médicos-veterinários!
Diante dos casos registrados e dos riscos apontados, a principal orientação para os médicos-veterinários, é não utilizar as partidas 016/2024 e 018/2024 da vacina Excell 10. O Departamento de Saúde Animal do Mapa determinou a apreensão cautelar das partidas nos locais de distribuição e comercialização.
“Infelizmente, ainda não existe tratamento específico quando os animais começam a apresentar sintomas, nem medidas preventivas para aqueles que já receberam as doses das partidas recolhidas. Nesses casos, o manejo deve ser apenas sintomático. O mais importante é que a Defesa Agropecuária do estado onde ocorrer sintomas adversos ou óbito seja notificada imediatamente, lembrando que essa comunicação é uma obrigação do médico-veterinário”, reforça a fiscal do CRMV-SP.
O Mapa, em nota de alerta, também orienta que novos casos suspeitos sejam relatados pelo canal Fala.BR.
Contato direto com produtores
Em nota oficial, a empresa Dechra Brasil informa que tomou conhecimento de relatos de reações adversas após a administração da vacina Excell 10 e que suas equipes técnica e de qualidade estão investigando a situação em colaboração com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Embora as reações adversas possam estar associadas à administração da vacina, a causa exata ainda está sendo determinada. Na nota, a empresa declara que “permanece comprometida com a qualidade, eficácia e segurança de seus produtos”, e, por isso, disponibiliza os seguintes contatos para que produtores relatem reações adversas à vacina: 0800 400 7997 ou (43) 99135-1168.