Uma indústria pesqueira de US$
500 milhões pode ser vulnerável à mudança climática. Um estudo publicado hoje
sugere que o aquecimento do oceano pode bagunçar o ciclo de vida de uma
espécie comercial de camarão, levando-o a pôr ovos quando não há comida para
alimentar suas larvas.
Qualquer dano aos estoques do camarão-ártico -uma variedade pequena, popular
em saladas no hemisfério Norte- poderia desencadear um efeito cascata na
cadeia alimentar oceânica e afetar desde algas até bacalhaus, afirmaram
especialistas canadenses.
"O camarão é o equivalente marinho do canário na mina de carvão. É um
indicador da mudança climática", disse Peter Koeller,
do Instituto de Oceanografia de Bedford. Ele é o
autor principal do estudo, publicado na revista "Science".
Koeller e colegas afirmam que o camarão coordena o
período de acasalamento para que seus ovos eclodam na época do ano em que as
algas que alimentam suas larvas são mais abundantes.
"Eles evoluíram para se acasalar no ano anterior, na época certa para
aproveitar a proliferação das algas na primavera [boreal]", disse Koeller.
Os ovos levam entre 6 e 10 meses para incubar no
inverno. "Mas a mudança climática poderia cortar a ligação entre
temperatura do mar e comida", afirmou. Temperaturas mais altas poderiam
fazer o acasalamento ocorrer mais cedo. Dessa forma, os ovos eclodiriam antes
do pico de florescimento das algas, matando as larvas de fome. Esse efeito,
no entanto, não foi observado pelo estudo.
Essa espécie responde por 70% das 500 mil toneladas de camarão de água fria
pescadas por ano no mundo todo.
Fonte:
Folha Online, acesso em 08/05/2009