Médica-veterinária Ana Lúcia de Paula Viana assumiu a diretoria da Dipoa/Mapa em 2019

Texto: Comunicação CRMV-SP
Foto: Comunicação CRMV-SP

Os planos de infância eram de ser pediatra. Escolheu a Medicina Veterinária visando a pesquisa e, quem sabe, deixar um legado com uma descoberta científica. A médica-veterinária Ana Lúcia de Paula Viana de fato deixará um legado. Seu feito? Ser a primeira mulher a assumir o posto mais importante dentro da inspeção de alimentos no Brasil.

Ela foi nomeada diretora do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), ao qual o Serviço de Inspeção Federal (SIF) está vinculado. A conquista veio após uma trajetória de 15 anos como auditora fiscal agropecuária em diferentes unidades.

Para chegar onde está não foram poucos os esforços. Formou-se na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) com apoio do pai, militar e motorista de ônibus, e da mãe, costureira que também fazia bolos, doces e salgados para vender. Enquanto atuava como clínica de pequenos animais, estudava diariamente para prestar concursos.

O primeiro no qual ingressou foi para atuar na Defesa Sanitária da Secretaria de Agricultura do Estado do Paraná, em 2004. “Um ano depois, recebi o telegrama tão esperado do Mapa, com a chamada ao concurso no qual eu tinha sido aprovada, mas não classificada”, conta ela, que permaneceu no Paraná, onde assumiu o SIF 1985, “o maior abate de aves no Brasil”.

Crescimento profissional

No ano seguinte, passou à supervisão e auditoria em outros estabelecimentos de abate de aves. “Uma grande experiência, uma vez que pude conhecer outras realidades e apontar oportunidades de melhorias importantes para a padronização das inspeções”, ressalta a médica-veterinária.

Mais adiante, foi encaminhada para a assessoria de carne de aves e ovos do Sipoa-PR e, três anos depois, aceitou o convite para assumir a divisão de inspeção de carne de aves e ovos no Dipoa. “Passei a chefiar a divisão de auditorias. Depois, coordenei o Suporte à Inspeção e a Coordenadoria Geral de Controle e Avaliação.

Um novo tempo

No ano passado, Ana Lúcia se tornou diretora do Dipoa. “O posto mais importante dentro da inspeção finalmente foi assumido por uma mulher”, festeja, enfatizando que as profissionais são minoria nos postos de liderança do Mapa, “ainda que o Ministério conte com mulheres muito competentes.”

No que tange à questão racial, em mais de cem anos de história do departamento, a profissional tem conhecimento de que apenas uma pessoa negra tenha ocupado o cargo antes de sua chegada.

“No Brasil os negros são maioria, porém, ocupam espaços de pouca visibilidade. Poucos estão em cargos de liderança, mas, os que estão, são grandes líderes negros”, diz Ana Lúcia.

Representatividade

A pouca visibilidade fez com que grupos de profissionais negros fossem criados para network entre eles, de forma a contribuir para com o acesso a novas oportunidades. “Faço parte de um. Acho importante para que possamos nos conhecer e compartilhar histórias”, afirma.

Ela conta que, quando iniciou a carreira como auditora fiscal, era inevitável perceber a reação de espanto nas fazendas e comunidades pelo fato de ela ser mulher, negra e carioca. “Tenho uma postura com a qual imponho minha presença, expresso minha opinião e me posiciono de forma a obter respeito. Nunca me deixei afetar pelo preconceito.”

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