Para quem acredita que as mulheres são destaque só na área de clínica de pequenos animais, a médica-veterinária Camila Carneiro Hirai, que integra a Comissão Técnica de Alimentos do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), é prova do contrário.
Atualmente, ela é a Responsável Técnica (RT) da central de distribuição de uma grande rede de supermercados que engloba as áreas de produtos frigorificados, pescado fresco e mercearia.
O interesse pelo segmento surgiu ainda na graduação e a levou a uma pós-graduação em Vigilância Sanitária de Alimentos. Ingressou no mercado, em 2003, na área de controle de qualidade da empresa, cuja equipe era formada principalmente por mulheres.
Sete anos depois se tornou RT da central de distribuição, atuando no treinamento de equipes e na verificação de todos os processos das diferentes áreas. A partir daí, passou a atuar em um ambiente em que 85% dos trabalhadores são homens.
Capacidade e profissionalismo
“Nunca sofri preconceito ou fui desrespeitada. Mas percebo que algumas mulheres mostram estranhamento ao atuarem em equipes predominantemente masculinas. Acredito que ser capacitada e agir com profissionalismo sejam dois fatores fundamentais para ser reconhecida”, comenta Camila.
E mesmo que seja crescente o interesse de profissionais do sexo feminino pelo segmento de inspeção de alimentos, ela acredita que falta maior incentivo por parte das faculdades de Medicina Veterinária.
Jogo de cintura
Segundo a médica-veterinária, trata-se de uma área que requer muito jogo de cintura e sensibilidade para lidar com fornecedores e com decisões de grande responsabilidade, o que são duas qualidades inerentes da mulher.
“Muitas vezes, você precisa dizer a um fornecedor, que geralmente é um homem, que a carga dele inteira não poderá ser aceita e, ainda, precisará convencer a empresa disso, mesmo que tenha sido feita uma grande divulgação promocional do produto”, conclui Camila.