A experiência da Tenente-coronel Orlange Sodré Rocha, chefe da carteira de Cães de Guerra na Seção de Gestão Logística de Remonta e Veterinária da Diretoria de Abastecimento do Exército, em Brasília, é também uma pequena amostra da ampla contribuição do médico-veterinário e do quanto ele é um agente promotor de saúde também por meio do trabalho desempenhado em instituições militares.
Ao longo dos 24 anos no Exército, Orlange atuou em inspeção de alimentos e em clínica de equinos, chefiou um serpentário e foi instrutora de Medicina Veterinária no Curso de Formação de Oficiais, até chegar ao posto atual, sendo responsável pelo assessoramento em assuntos relativos a Cães de Guerra, da aquisição, reprodução e treinamento de animais até garantia de medicamentos e alimentação e instalações adequadas em canis.
O preparo para a atuação multissetorial do médico-veterinário militar é apontado como fundamental para a prevenção e controle das principais endemias emergentes e reemergentes pelo conselheiro do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), Martin Jacques Cavaliero, que tem passagem pelo EB, em 1988, como oficial temporário.
Cavaliero lembra que, de acordo com o que preconiza o Ministério da Defesa (MD), dentre as tarefas de abrangência da medicina preventiva está o apoio dos médicos-veterinários. “O Manual de Logística de 2014 do EB, que trata sobre a conduta operacional, traz a Medicina Veterinária como campo estratégico para a Saúde. Nota-se um reconhecimento cada vez maior da importância desta contribuição.”
Biossegurança, pesquisa e inovação
No que tange à diversidade das frentes de trabalho do médico-veterinário militar para a promoção da Saúde Única, Cavaliero cita o conjunto de ações que visam a proteção contra agentes químicos, biológicos, radiológicos e nucleares que produzem efeitos nocivos à saúde, a chamada Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (DQBRN), enfatizando tópicos como a biossegurança, pesquisa e inovação.
Estes papéis-chave são mencionados pelo próprio “Manual de Campanha de DQBRN” do Exército, argumenta Cavaliero. “Neste material consta que o médico-veterinário militar está plenamente capacitado a atuar, juntamente com um grupo multifuncional de saúde, em áreas de inteligência, estimativas e vigilância de saúde; análise laboratorial; coleta de amostras; triagem e descontaminação; planos de evacuação; entre outras.”
Missão estabilizadora
A Tenente-coronel destaca ainda o trabalho realizado pelo contingente brasileiro no Haiti, ao longo de 13 anos, apoiando a estabilização de um país cujo povo possui cultura e características muito particulares e, em alguns aspectos, semelhantes às do brasileiro que vive em comunidades periféricas.
“Uma importante atuação dos médicos-veterinários do Exército Brasileiro foi durante a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), em que desempenharam fundamental papel na vigilância epidemiológica e no controle ambiental”, enfatiza Orlange.
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