Assim como acontece com os humanos, a qualidade de vida e a saúde dos animais ficam seriamente comprometidas com o sobrepeso. Segundo a médica veterinária que atua na área de endocrinologia, Luciana Lima, no caso dos cães o problema diminui em até dois anos a expectativa de vida deles, o que corresponde de 10% a 20% de sua expectativa total. Isso porque problemas nas articulações, diabetes, cardiopatias, problemas circulatórios e colesterol alto estão diretamente relacionados ao quadro de obesidade animal.
O perigo existe, mas a atenção voltada para a questão ainda é pequena. Para o veterinário e fisioterapeuta Marcelo Nemer, a mania de humanizar os animais é quase sempre a responsável pela obesidade em animais.
“Os tutores acham que tratar os bichos como humanos é tratar bem. Então, dão a comida da família para o cachorro, deixam o pote cheio de ração o dia inteiro à disposição e estimulam o comportamento preguiçoso. Claro que ninguém faz isso por maldade, mas os danos à saúde podem ser grandes”, afirma Marcelo.
Luciana Lima explica que a combinação do sedentarismo, em especial dos cães que vivem em apartamentos, e a ausência do controle da qualidade e da quantidade de alimentos ingeridos pelo animal são os principais desencadeadores da situação.
Mas nem sempre os tutores são os culpados pelos quilos extras de seus bichos. Predisposições genéticas ou mesmo alguma doença podem propiciar o ganho de peso.
“Alguns cães engordam com muito mais facilidade, como o daschund, o basset hound, o retriever, o labrador, o rottweiller e o beagle”, explica Luciana.
Disfunções como o hipotireoidismo e o hiperadreno também podem justificar o ganho repentino de peso. O primeiro leva o animal a um quadro de letargia. Ele procura ficar sempre ao sol, come pouco, engorda e pode apresentar problemas de pele. Já o hiperadreno deixa a barriga do animal inchada. O apetite aumenta, ele bebe muita água e, consequentemente, faz muito xixi.
Ambas as doenças são mais comuns em cães e gatos idosos ou de meia idade, porém, em alguns casos, podem afetar bichos mais novos.
“Os animais castrados também têm mais chances de ganhar peso, pela natural diminuição da atividade física, consequente da cirurgia. O indicado é que o animal seja encaminhado a uma clínica veterinária para avaliação caso for observado qualquer mudança brusca de comportamento ou ganho de peso repentino”, acrescenta Marcelo Nemer.
Tratamento
Para evitar a obesidade, ou mesmo freá-la, o tutor deve fazer pelo menos três caminhadas com o cão, de 10 a 40 minutos. Quando o cão parecer muito ofegante, interrompa o exercício. Evite também caminhadas nas horas mais quentes do dia. Os exercícios devem ser incorporados à rotina do animal gradativamente. O ideal é que o cão obeso tenha acompanhamento veterinário.
É importantíssimo que a alimentação seja oferecida de forma regrada, apenas a quantidade indicada pelo veterinário, ou na embalagem do produto. O ideal é que essa quantidade diária de ração seja dividida em cinco partes e oferecida ao longo do dia.
As guloseimas e comidas humanas devem ser completamente abolidas para que os resultados apareçam. Se o tutor não tiver tempo, pode procurar clínicas que ofereçam circuitos de fitness para o animal, ou mesmo o serviço de passeadores profissionais.
Fonte: Click RBS (acessado em 05/11/10)