À espera de um tratamento eficaz contra papilomatose, pecuaristas tentam debelar a doença de inúmeras maneiras. Em São José dos Campos (SP), a produtora de leite Maria Tereza Corrá conta que teve problema sério com a doença há três anos. De um rebanho de 60 animais, 70% estavam contaminados. “Tentei de tudo”, diz. Na época, usou dois medicamentos injetáveis e três produtos de uso tópico – um gel, uma pasta e um ácido.
Não satisfeita com o resultado, foi para a auto-vacina. “Funcionou em alguns animais.” Em suas buscas, descobriu, na internet, um método curioso, que, segundo ela, deu certo. O tratamento, empírico, consiste em pôr no animal infectado um fio de cobre, como um brinco. “Passa-se o fio na tábua do pescoço e torcem-se as pontas”, explica. “Sei que não há comprovação científica, mas nos bezerros de até 1 ano deu certo. Alguns dizem que o cobre, um corpo estranho, estimula o sistema imunológico.”
Hoje, a doença está sob controle. De 100 vacas, apenas 4 têm verrugas e são mantidas separadas, para evitar contaminação, já que a transmissão se dá por contato. Ela acredita, também, que conseguiu controlar a papilomatose com a melhora do manejo do rebanho. “Além de adotar medidas simples de higiene, como usar agulhas descartáveis, fornecer uma boa nutrição fortalece o sistema imunológico, tanto que a incidência de verrugas é pequena.”
Com 40 animais, sendo 12 vacas em lactação, o produtor de leite José Lotúmolo Júnior, de São Carlos (SP), arrepende-se de ter adquirido uma bezerra contaminada, há três anos. “Na época, produtores comentavam que mudando o animal de pasto a doença sumia.” O problema não só não foi resolvido, como se disseminou em metade do rebanho, o que o obrigou a descartar animais. Para controlar a doença, o produtor cauterizou as verrugas. “A verruga some, mas o vírus permanece.”
Depois, a hemoterapia, que consiste em retirar sangue do animal doente e reinjetá-lo no músculo do próprio animal. “Deu certo e curou 80% dos animais. Fiz, por quatro a seis semanas, uma aplicação de sangue por animal”, diz. “É um tratamento barato, pois só se gasta com agulhas e seringas. Hoje, só uma vaca tem sintomas.”
Fonte: Estado de S. Paulo, 02/09/2009