O Instituto Evandro Chagas, vinculado à Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde, apresentou, na última quinta-feira (15/02), pesquisa que aponta que o mosquito Aedes albopictus, conhecido como Tigre Asiático, está suscetível ao vírus da febre amarela em ambiente silvestre ou rural.
Mosquitos infectados foram capturados, no ano passado, em áreas rurais próximas aos municípios de Itueta e Alvarenga, em Minas Gerais.
Pedro Vasconcelos, diretor do Instituto, explicou que, se houver transporte do inseto para áreas urbanas, o mosquito pode vir a servir de vetor de ligação entre os dois ciclos possíveis da doença no Brasil: o urbano, que não tem sido mais registrado no País, desde a década de 40, e o silvestre, que é responsável pelas transmissões atuais. Essa possibilidade, no entanto, ainda não está confirmada.
“Em princípio, é uma evidência. A gente não pode falar em risco ainda pelo encontro do vírus nesse mosquito, que, por sua filogenia, é mais silvestre que urbano ou periurbano. Como ele se adapta bem às áreas florestais, ele pode ter sido infectado por macacos, mas não se sabe ainda qual é a capacidade vetorial dele”, afirma Vasconcelos.
Possibilidade não confirmada
Agora, o Instituto deve trabalhar na avaliação dessa capacidade, pois apenas a presença do vírus não significa que o Aedes albopictus tenha adquirido o papel de vetor da febre amarela. Também será estudado, nos próximos dois meses, se mosquitos do gênero continuam apresentando presença do vírus nas cidades mineiras, inicialmente, investigadas.
O encontro do vírus no mosquito, por si só, não autoriza a ninguém a afirmar que ele seja um transmissor da febre amarela, porque vários mosquitos são encontrados na floresta infectados, mas somente (Aedes) haemagogus e sabethes são transmissores da febre amarela silvestre.
Cautela
O ministro Ricardo Barros avaliou que a descoberta “mostra que temos sido diligentes na busca de fatos novos e de entender por que houve aumento de casos (de febre amarela), no ano passado”. Para ampliar o escopo do estudo e a capacidade de avaliação, o MS aprovou a realização de uma força-tarefa de captura de mosquitos em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia.
“Nós esperamos ter o cuidado e a cautela, como tivemos sempre, de averiguar todas as possibilidades, para que nós possamos controlar todos os episódios de febre amarela no Brasil”, acrescenta Barros.
Número de casos
O ministro descartou a ocorrência de epidemia da doença, neste momento, e reiterou que não há registro de febre amarela urbana. Entre 1° de julho de 2017 e 15 de fevereiro de 2018, foram confirmados 407 casos no Brasil. Em São Paulo, foram 118 até hoje; no Rio, 68; e no Distrito Federal, 1. No mesmo período do ano passado, foram 532 ocorrências.
Quanto aos óbitos, até agora foram 118, contra 166, no mesmo período de 2017. “Nós temos tido menos casos e menos óbitos do que no ano passado. Isso demonstra que as medidas preventivas foram adequadas”, aponta Barros.