Pesquisadores de Mato Grosso querem saber se o período da piracema coincide exatamente com a época de reprodução dos peixes. As experiências estão sendo realizadas no norte do Estado.
O sr. Lauro Remakes é um pescador que não parou na piracema. A caixa cheia é sinal de uma noite de trabalho. Só que a pesca nesta época do ano é por uma boa causa. Ele faz parte do projeto sobre o período da piracema no Rio Teles Pires.
“Para buscar verificar o período da desova dos peixes na bacia do Rio Teles Pires. Então, é muito importante devido ao conhecimento que os pescadores têm da região”, disse Ronei Amorim, analista ambiental da Sema.
Atualmente, a proibição da pesca em Mato Grosso vai de 5 de novembro a 28 de fevereiro. Mas os pesquisadores pretendem estudar se este período realmente condiz com a época de reprodução dos peixes, que pode ser diferente nas três bacias hidrográficas do Estado.
O trabalho será realizado durante todo o período da piracema. Uma vez por mês, técnicos da Sema de Cuiabá vão ao Rio Teles Pires levar os peixes capturados com a ajuda dos pescadores ao laboratório da UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso, onde vão virar objetos de pesquisa.
No núcleo de pesquisas da Amazônia Meridional da UFMT, as espécies são catalogadas. Passam por uma pesagem e medição. Depois, é feita a análise reprodutiva.
“O importante é confrontar esses dados coletados com o período de piracema que já foi pré-determinado. Com alguns anos de pesquisa, vamos pedir para alterar ou não. Se os peixes estiverem se reproduzindo na época da piracema mesmo, não será preciso alterar essa data. Se constatarmos que eles estão se reproduzindo fora dessa época determinada, será necessária uma alteração”, explica Liliane de Matos, coordenadora de pesca.
Além de monitorar a piracema, o trabalho vai proporcionar um banco de dados que pode servir para outras pesquisas. “Vamos ter esses dados planilhados e poderemos ver como essas espécies estão respondendo às mudanças ambientais, uma vez que o Rio Teles Pires está localizado numa área de grande impacto”, diz Lucélia carvalho, bióloga coordenadora do projeto.
Essa é uma forma de preservar as espécies e também o trabalho do seu Lauro e de outros pescadores, que já estão preocupados com a situação do rio. “Estão acabando com os peixes. O peixe está sumindo do rio”, alertou.
O trabalho vai ser realizado até o fim de fevereiro.
Fonte: Globo Rural (acessado em 15/12/09)