A pauta da Saúde Única é considerada prioritária pela Comissão Técnica de Saúde Pública Veterinária do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), e pelo próprio órgão. Defendida por seis representantes da autarquia durante a 1ª Conferência Livre de Saúde do Fórum dos Conselhos Atividades Fim da Saúde (1ªCLFCAFS/SP), a proposta de criação de uma Política Nacional de Saúde Única foi aprovada para ser apresentada na 9ª Conferência Estadual de Saúde do Estado de São Paulo (9ªCES/SP).
“Considero muito gratificante e um sucesso a nossa participação na conferência, pois além de conseguir aprovar a proposta junto a profissionais de outras 13 categorias, sendo a maioria voltada à saúde humana, ela recebeu a indicação para ser recomendada para discussão na 17ª Conferência Nacional de Saúde”, relata a conselheira Suely Stringari de Souza, que representou o presidente do Regional, Odemilson Donizete Mossero, na reunião.
Realizada no dia 31/1, no formato híbrido, a conferência também contou com a participação, pelo CRMV-SP, da presidente da Comissão Técnica de Saúde Pública Veterinária, Adriana Maria Lopes Vieira, da integrante da Comissão Técnica de Médicos-veterinários de Animais Selvagens, Hélia Maria Piedade, e dos médicos-veterinários Cristiane Carlin Passos, Roberto Colozza Hoffmann e Solymar Ardito Nunes.
O Fórum dos Conselhos de Atividades Fim da Saúde do Estado de São Paulo (FCAFS) é composto por 15 profissões da área da saúde e 14 Conselhos Profissionais, a saber: Biologia, Biomedicina, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Psicologia, Serviço Social e Técnicos em Radiologia.
A iniciativa tem como objetivo central a formulação de diretrizes para as políticas de saúde em âmbito estadual e nacional, com a definição de duas para o fortalecimento dos programas e ações da Política Estadual de Saúde e uma voltada à Política Nacional de Saúde.
Momento de avaliação
A presidente da Comissão de Saúde Pública Veterinária, Adriana Maria Lopes Vieira, ressalta a importância da participação ativa do Conselho nas conferências de saúde. “As Conferências Nacionais de Saúde (CNS) representam o momento principal de avaliação da situação da saúde no País e de formulação de diretrizes para as políticas públicas no setor, reunindo cidadãos na defesa da garantia de direitos, em atenção às necessidades da população”, explica.
Ela cita a 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, como um marco dessa relevância e, portanto, da história da saúde no Brasil, por ter originado as bases para elaboração do capítulo sobre saúde na Constituição Federal de 1988 e para a criação do Sistema Único de Saúde (SUS).
Interface homem-animal-ambiente
Adriana Vieira destaca ainda que o Regional vem alertando os órgãos públicos e privados, profissionais de saúde e demais segmentos da sociedade há anos sobre a importância de ser implementada uma política nacional de saúde única.
A iniciativa abrange a perspectiva de que o fomento, a coordenação e a colaboração entre os diversos marcos de governança dos programas de saúde humana, animal, vegetal e ambiental sejam empreendidos para a melhora da prevenção à saúde na interface homem-animal-ambiente, além da preparação para os desafios atuais e futuros relacionados a ela.
Doenças emergentes
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), Saúde Única é a principal abordagem direcionada ao combate dos complexos desafios de saúde enfrentados pela sociedade na atualidade, como a degradação do ecossistema, falhas no sistema alimentar, doenças infecciosas e resistência antimicrobiana. Por isso, são contundentes as justificativas para a necessidade de empenho neste sentido constantes da proposta do CRMV-SP que foi aprovada.
Ainda com base em dados da OMS, a presidente da Comissão Técnica de Saúde Pública informa que 60% das 1.400 enfermidades infecciosas que afetam os seres humanos são de origem zoonótica, e que os patógenos zoonóticos têm o dobro de probabilidade de estarem associados com enfermidades emergentes, quando comparados aos não zoonóticos.
“Diante de uma realidade em que 75% das doenças emergentes e reemergentes são consideradas zoonoses, e que vivemos sob constante ameaça de novas pandemias, originadas pelo desequilíbrio na interface ambiente, animais e humanos (um exemplo é a recente pandemia da Covid-19), evidencia-se a necessidade de fortalecimento de ações integradas de vigilância em saúde, restabelecendo estruturas e espaços para a vigilância de zoonoses, dentro de uma perspectiva de Saúde Única”, conclui Adriana.