Questão econômica põe em risco embargo às gaiolas na União Europeia

Produtores de ovos de países-membros da União Europeia que conseguiram adequar-se e mesmo antecipar-se à normativa 1999/74EC, que proíbe o uso de gaiolas convencionais a partir de 1º de janeiro de 2012, acusam os concorrentes não aptos de vários países de tratarem com descaso a implantação da nova regra. Mas a questão é bem mais complexa e envolve a capacidade econômica dos produtores.

Como as discussões em torno do banimento das gaiolas vêm desde o começo dos anos 1990, alguns países – como Áustria, Alemanha e Suécia – adotaram a normativa imediatamente, ou seja, ainda em 1999. A Holanda aproveitou os sacrifícios em massa, ocorridos durante o surto de Influenza Aviária de 2006, para forçar a transição para o novo sistema. Os britânicos da Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, reconhecidos mundialmente por sua perseverante defesa dos animais, assumiram de pronto as mudanças e foram auxiliados pelos respectivos governos.

São esses países, principalmente, que entram em 2012 atendendo a uma legislação longamente discutida e efetivamente definida há mais de 12 anos. Mas acabam sendo as exceções, pois grande parte do bloco de 27 integrantes da UE ainda mantém significativo volume de poedeiras em gaiolas convencionais. Não por descaso com a nova regra, mas por dificuldades econômicas.

Estima-se que a transição para um novo sistema de criação exija do avicultor investimentos da ordem de 20 euros (quase R$ 50) por poedeira alojada. O problema é que o bloco enfrenta um período de superprodução e, por isso, o preço do ovo se encontra extremamente baixo, impossibilitando investimentos em novos sistemas de produção.

Mas isso não é tudo. A mudança já foi devidamente avaliada do ponto de vista econômico e mostrou que irá elevar o custo de produção em índices que variam entre 7% e 12%, conforme o país. Se o produtor optar, por exemplo, pelo sistema free range (ao ar livre) em vez de adotar as “gaiolas enriquecidas”, o aumento no custo supera os 20%.

As dificuldades do setor, entretanto, não se esgotam aí. Assim, quando esses aumentos de custos são combinados com outros custos enfrentados pelos produtores europeus – por exemplo, os decorrentes da proibição de uso de matérias-primas geneticamente modificadas, das restrições de ordem ambiental e dos elevados custos de energia e mão-de-obra – o ovo europeu pode ficar de 50% a 60% mais caro que o dos EUA e do Brasil, conforme o Serviço de Marketing Agrícola do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

É até provável que, frente a esses altos custos, muitos avicultores já estejam preparados para atender à nova legislação, mas mantêm a produção no sistema tradicional apenas para não sofrer mais prejuízos. De toda forma, está previsto que, em pouco mais de dez semanas, a atual fase de superprodução será substituída por uma fase de subprodução: é quando ocorrerá a transição em massa e simultânea para o novo sistema.

Por ora, os órgãos responsáveis da Comunidade Europeia estimam que a produção de ovos do bloco continuará estável, aumentando apenas 0,1% em 2012. É bem provável, no entanto, que o crescimento seja negativo.

Fonte: Avisite (acessado em 14/10/2011)

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