Resistência bacteriana preocupa saúde pública

Semana Mundial do Uso Consciente de Antibióticos, promovida anualmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS), serve de alerta também no cuidado com os animais
Texto: Comunicação CRMV-SP
Foto: Adobe Stock

A má utilização de antibióticos tem levado à resistência de micro-organismos, o que compromete a ação dos medicamentos e gera problemas de saúde pública de grande impacto à sociedade. O alerta vale também para a Medicina Veterinária, área em que o uso indiscriminado de antimicrobianos afeta não apenas a saúde animal, mas da população como um todo.

Afinal, de acordo com os Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), vinculados ao Departamento de Saúde dos Estados Unidos, uma em cada cinco infecções resistentes são causadas por micro-organismos oriundos de alimentos e animais.

De acordo com o médico-veterinário Carlos Augusto Donini, presidente da Comissão Técnica de Políticas Públicas, do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), o uso de produtos antimicrobianos atende às demandas da saúde animal, por meio do controle eficiente e necessário das doenças infecciosas.

Ele ressalta, porém, que “a utilização dessas substâncias deve seguir critérios rigorosos de procedimentos, feitos exclusivamente por médicos-veterinários, por representar uma linha tênue entre a cura adequada e o impacto da disseminação do possível agente infeccioso determinado pela resistência antimicrobiana.”

Resistência

A resistência aos antibióticos é uma defesa natural das bactérias e possui uma alta capacidade de disseminação. Segundo Donini, essa resistência resulta, sobretudo, da escolha de substâncias ineficazes, doses insuficientes e prazos reduzidos da medicação, assim como o uso indiscriminado sem a devida avaliação médica-veterinária.

“Além disso, há a incapacidade de função e resposta do organismo afetado, uma vez que se considera que o tratamento eficaz atua sobre cerca de 10% a 20% da carga microbiana invasora, sendo a infecção resolvida pelo organismo imunologicamente competente” explica.

Acompanhamento sistemático

Em animais de companhia, os antibióticos são utilizados para prevenir e tratar lesões e infecções que comprometem o contato com humanos, principalmente, idosos, crianças e imunocomprometidos, e com outros animais. Infecções bacterianas não controladas podem se espalhar, invadindo tecidos vizinhos ou se disseminarem para outras partes do corpo.

“Após o diagnóstico e a avaliação clínica, o tratamento é estabelecido segundo o tipo de substância eleita, dose e duração específicas de cada caso. O acompanhamento sistemático confirmará a resposta e a eficácia do tratamento proposto” esclarece Donini.

Controle, prevenção e aumento da produção

No caso de animais de produção, de acordo com o médico-veterinário Cláudio Régis Depes, membro da Comissão Técnica de Saúde Pública do CRMV-SP, os antibióticos costumam ser administradas em animais sadios como forma de controle e prevenção, quando alguns do grupo apresentam a enfermidade ou quando há probabilidade do surgimento da doença.

A medicação também vem sendo utilizada com a finalidade de aumentar a produção. “Neste caso, o antibiótico é administrado a animais sãos em crescimento, no alimento ou água, para promover aumento do peso corporal, durante um prazo definido, ou para melhorar a conversão de alimento a peso corporal”, explica Depes. Esses métodos estão sendo revistos, sendo que alguns deles já foram, inclusive, proibidos em diversos países.

Desafio é preservar eficácia e disponibilidade dos antibióticos, por meio do uso responsável associado a boas práticas de prevenção

(Cláudio Regis Depes)

É possível reduzir uso de antimicrobianos por meio da prevenção de doenças, boas práticas de produção, biossegurança e vacinação

 

Para o controle eficaz da resistência antimicrobiana, Depes recomenda o uso correto da medicação e, para isso, recomenda:

1- utilizar medicamentos apenas com prescrição e seguindo sempre as orientações de um médico-veterinário;

2- respeitar as doses e duração do tratamento prescrito, mesmo quando o animal parecer recuperado;

3- implementar medidas e recomendações práticas destinadas a melhorar a sanidade e bem-estar dos animais;

4- comprar produtos registrados e de estabelecimentos devidamente autorizados para a sua comercialização;

5- manter os registros dos tratamentos prescritos a seus animais.

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