Cerca de cem médicos veterinários e estudantes de medicina veterinária compareceram, na última quarta-feira (27), ao X Simpósio Regional de Saúde Animal. O evento, realizado pelo CRMV-SP em São José do Rio Preto, teve como principal foco a leishmaniose visceral americana. A doença, que se concentra na região nordeste do Estado de São Paulo, tem avançado na região de Rio Preto e já registra casos em municípios próximos.
O evento mostrou a doença do ponto de vista de vários profissionais, e não apenas do médico veterinário. O biomédico Ricardo Ciaravolo, da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen) e membro do Comitê de Leishmaniose Visceral Americana da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, mostrou a epidemiologia da LVA no Estado de São Paulo e o trabalho que vem sendo desenvolvido pela Sucen com os municípios para frear o avanço da doença.
A pesquisadora científica do Laboratório Regional de Sorocaba do Instituto Adolfo Lutz Aparecida Helena de Souza Gomes mostrou as técnicas de diagnóstico da doença em animais e destacou a importância dos médicos veterinários saberem fazer a coleta de material corretamente, para a obtenção de um diagnóstico preciso.
O pesquisador científico Rubens Pinto Cardoso Junior, também da Sucen, mostrou a biologia do vetor da LVA, o mosquito-palha (Lutzomyia longipalpis), e as ações de combate que têm sido desenvolvidas para evitar a proliferação do inseto. Segundo ele, antes de se utilizar formas químicas de combate ao vetor, como os inseticidas, é preciso fazer o manejo ambiental, ou seja, eliminar os criadouros do mosquito, que são locais úmidos e com matéria em decomposição (restos de folhas e matéria orgânica).
A médica Regina Sílvia Chaves de Lima abordou o desenvolvimento da leishmaniose nos seres humanos. Ela relatou o caso de uma criança de oito anos que teve a doença e acabou morrendo em consequência dela. Regina explicou que a doença é de difícil diagnóstico em humanos. No caso da criança do relato, foi necessário quase um ano para que se identificasse a leishmaniose.
O conselheiro efetivo do CRMV-SP e docente da FMVZ-USP, Dr. Sílvio de Arruda Vasconcellos, mostrou a posição do CRMV-SP em relação à doença, os riscos do tratamento de animais infectados e o perigo que isso pode representar para a saúde pública. Segundo ele, o parasita Leishmania chagasi, causador da doença, pode se tornar resistente aos poucos medicamentos existentes no mercado para o combate da doença em humanos, que também são usados no tratamento dos animais.
O último palestrante, o assessor jurídico do CRMV-SP Fausto Pagioli Faleiros, destacou os aspectos legais no controle da LVA. Ele abordou, entre outros tópicos, a responsabilidade civil e criminal do profissional que se arrisca a tratar o animal infectado.
Ao final, o presidente do CRMV-SP, Dr. Francisco Cavalcanti de Almeida, destacou a importância do debate desse tema e destacou as ações que o Conselho tem feito para esclarecer os profissionais nesse sentido.
O próximo Simpósio Regional de Saúde Animal será realizado no dia 20 de maio, em Marília (SP).
