Tendências e desafios do sistema de integração lavoura-pecuária-floresta

O agronegócio brasileiro cresceu de maneira expressiva nas últimas três décadas. Único setor a apresentar um Produto Interno Bruto (PIB) positivo em 2015, manteve seu bom desempenho em 2016 e deve ser um dos braços mais forte para ajudar o Brasil a sair da recessão em que se encontra. Para produzir alimentos, fibras e energia de maneira mais eficiente, é necessário que os sistemas produtivos sejam redesenhados, minimizando os impactos causados ao meio ambiente, sem, no entanto, esquecer os aspectos econômicos.
Neste contexto, o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) é uma importante estratégia, pois ao revezar as atividades de agricultura e de pecuária dentro de uma mesma propriedade, além de constituir uma prática sustentável, pode significar economia e rentabilidade para o produtor. Entre os resultados mais imediatos da técnica está a recuperação das pastagens degradadas, o que dispensa a necessidade da abertura de novas áreas. Outro benefício é a diminuição dos custos com maquinários e combustível. Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), mostram que a economia pode chegar a até 70%.

Segundo o Mapa, o sistema já é adotado em todo o Brasil, com maior representatividade nas regiões Centro-Oeste e Sul. Hoje, aproximadamente 1,6 a 2 milhões de hectares utilizam os diferentes formatos da estratégia ILPF e a estimativa é de que, para os próximos 20 anos, possam ser usadas em mais de 20 milhões de hectares. O programa é desenvolvido pela Coordenação de Manejo Sustentável dos Sistemas Produtivos (CMSP), subordinada ao Departamento de Sistemas de Produção e Sustentabilidade (Depros), da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC).

O Dr. Augusto Hauber Gameiro, professor do Departamento de Nutrição e Produção Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP) e coordenador do Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal (LAE/FMVZ/USP) explica que os sistemas integrados se mostram cada vez mais competitivos, seja para reduzir custos ou aumentar os rendimentos do produtor. Contudo, ainda há muito a fazer. “Esses sistemas são mais técnicos e gerencialmente mais complexos, ou seja, é mais fácil trabalhar com monocultura do que com os sistemas integrados. Isso exigirá mais dos profissionais (médicos-veterinários, zootecnistas, agrônomos) e também demandará mais dos produtos, pois gerará mais trabalhos, que são mais difíceis de serem geridos”, explica.

Gameiro ressalta que toda a sociedade deverá se preparar para receber o novo sistema, desde escolas, instituições de pesquisa e extensão, até o produtor do campo. “Políticas de incentivo, como o chamado ‘Programa ABC – Agricultura de Baixo Carbono’ são importantes, pois são linhas de créditos rural que contemplam essas tecnologias”, diz o professor.

O fato é que a agricultura está diante de um desafio sem precedentes. Até 2050, as necessidades alimentares para uma população crescente exigirão um aumento de 60% da produção e a demanda global para produtos pecuários aumentará 70% em relação ao ano 2000. Essa expansão se dará principalmente pela intensificação sustentável da produção agropecuária. “As expectativas para o futuro são positivas, sejam elas ambientais, econômicas e sociais. Os produtores que não adotarem essas tecnologias, poderão ter dificuldades de se manter no mercado, pois não terão custos competitivos para concorrerem”, alerta Gameiro.

Vantagens do ILPF

Aumento da produção de carne: experimentos mostraram que a ILPF pode ser quase 70% mais eficiente do que a pecuária tradicional;

Pasto de melhor qualidade: possibilita melhores resultados no ganho de peso diário, quase 30% maior na comparação com o confinamento;

Aumento do bem-estar animal: em decorrência do maior conforto térmico devido aos resíduos da lavoura e ao sombreamento ofertado pela área de floresta;

Aumento da produtividade aliada a conservação de recursos naturais, valorizando a produção nacional no exterior;

Mitigação do efeito estufa, resultante da maior capacidade de sequestro de carbono, e menor emissão de metano por quilo de carne produzido;

Maior oferta de alimentos seguros e incremento da produção anual de alimentos a menor custo.

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