A primavera é a época do ano que nos presenteia com a beleza das flores e nos prepara para a chegada do verão, uma estação que muitos consideram a mais prazerosa, marcada por férias escolares, celebrações de fim de ano e, claro, altas temperaturas. Esses elementos fazem com que a primavera e o verão sejam frequentemente associados apenas à alegria e à diversão. No entanto, é importante lembrar que essa época também traz desafios, especialmente para os animais, como a proliferação de parasitas, o risco de desidratação e o calor intenso.
Assim como os seres humanos, eles sentem os efeitos do calor e podem apresentar mudanças em seu comportamento, como cansaço excessivo e salivação intensa. Esses sinais podem indicar desde um desconforto temporário até condições mais sérias, como a hipertermia, uma condição em que o animal enfrenta dificuldades para regular sua temperatura corporal e que requer atenção clínica imediata.
Para ajudar a manter os pets saudáveis durante essa temporada, a médica-veterinária e conselheira do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), Tatiana Lembo, diz ser essencial ajustar a alimentação, oferecendo ração nos horários mais frescos do dia e tomando cuidado com os alimentos úmidos, que podem fermentar rapidamente em altas temperaturas.
“É importante garantir que sempre haja água limpa e fresca disponível, trocando-a regularmente. Se possível, utilize recipientes que ajudem a mantê-la em uma temperatura mais amena”, explica a médica-veterinária.
Outra preocupação comum durante esse período são as queimaduras nas patas dos cães, conhecidas como coxins. Para preveni-las, Ana Helena Pagotto Stuginski, médica-veterinária e secretária-geral do Conselho, recomenda evitar passear durante os horários de maior incidência solar, entre 10h e 16h. “Antes do passeio, toque o chão com a mão e se estiver quente para você, também estará para o seu pet. Em dias de calor extremo, prefira locais com grama”, orienta.
Tatiana Lembo concorda que evitar passeios nos horários mais quentes é fundamental, pois superfícies como o asfalto podem atingir temperaturas muito elevadas e aconselha a aplicar protetor solar em áreas sensíveis e expostas. Também sugere que os responsáveis ofereçam aos animais um ambiente bem ventilado e protegido do sol. “O uso de colchonetes gelados, disponíveis no mercado pet, pode ser uma excelente alternativa para minimizar o desconforto causado pelo calor”, diz a médica-veterinária.
Protetor solar é para todos
Os animais de estimação não são feitos apenas de pelos. Cães com pelagem clara e áreas expostas, como focinhos, barrigas e orelhas, devem ter protetor solar aplicado nessas regiões antes de se exporem ao sol. Isso também se aplica a gatos de pelagem branca ou com pele rosada. O uso desse produto em pets não é um exagero, conforme explica Ana Helena Pagotto Stuginsk, secretária-geral do Regional.
“Não se trata de exagero. Cães com pele clara ou com pouco pelo em áreas como focinhos, barrigas e orelhas estão sujeitos a queimaduras solares. Usar um protetor solar específico para pets ajuda a evitar danos causados pela exposição ao sol, especialmente durante passeios prolongados”, afirma.
O ideal é que todos os animais que passam longas horas sob a luz solar utilizem protetor solar apropriado. “Aplicar um protetor solar específico para pets é uma medida eficaz para prevenir queimaduras e minimizar os danos à pele devido à exposição solar”, ressalta a conselheira Tatiana Lembo.
Os inimigos do seu amigo
O calor do verão favorece a reprodução de mosquitos, pulgas e carrapatos, tornando cães e gatos mais suscetíveis às doenças transmitidas por esses parasitas. Por isso, é fundamental manter a vacinação e a vermifugação do seu animal de estimação em dia. Especialmente nesta época do ano, é crucial utilizar antiparasitários regularmente, sempre sob orientação do médico-veterinário.
Além disso, uma medida preventiva eficaz para cães antes dos passeios é a aplicação de repelente de mosquitos, o que ajuda a prevenir doenças transmitidas por picadas de insetos. Entre essas doenças, estão:
- Leishmaniose: Transmitida pela picada da fêmea do mosquito-palha, essa doença é causada por um protozoário que ataca as células fagocitárias do sistema imunológico do cão. A vacinação é uma forma de prevenção eficaz. Outra estratégia recomendada é o uso de coleiras repelentes específicas e produtos “pour on” que tem eficácia comprovada na proteção à picada do mosquito-palha;
- Dirofilariose (verme do coração): Esta doença é causada por um verme e é transmitida pela picada de mosquitos infectados que picaram um animal doente. Os sintomas podem demorar a aparecer e incluem tosse, cansaço e perda de apetite e peso, podendo levar à morte do animal. Atualmente, não existe vacina disponível para essa doença, no entanto, há antiparasitários específicos que podem ser utilizados na prevenção da infecção. O médico-veterinário deve sempre orientar os responsáveis dos animais sobre a dose e periodicidade da utilização destes produtos para que apresente o efeito desejado;
- Alergias: Cães podem apresentar reações alérgicas a picadas de mosquitos, manifestando coceira, vermelhidão e inchaço na região afetada. Em alguns casos, o animal pode se ferir devido a coçaduras persistentes.
Com carinho
Os dias quentes e chuvosos podem ser desafiadores para o pet, mas, com algumas medidas simples e atenção às mudanças de comportamento, é possível protegê-lo e garantir que todos desfrutem do verão com saúde e segurança.
Cuidar da hidratação e utilizar protetor solar e antiparasitários são atitudes essenciais para o bem-estar do seu animal de estimação. Lembre-se: cada gesto conta! Em caso de dúvidas ou para orientações mais detalhadas, é sempre recomendável consultar um médico-veterinário.
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